GOSTARIA DE ESCREVER MAIS
Amo escrever, mas nesses
últimos tempos tenho escrito muito pouco. Não por falta de vontade ou por falta
de assuntos; minha mente e minha mão anseiam em estar à frente do teclado ou
simplesmente segurando uma caneta diante de uma folha de papel, mas o tempo tem
sido deveras escasso e tem passado tão rápido que, quando percebo já se
adentrou a madrugada.
Nesse último mês, acredito
eu, ter lido quilômetros de páginas de artigos acadêmicos, bem como pilhas de
livros, se não me falha a memória, cinco em quatro semanas. Sei que para os
grandes homens, que já escreveram suas histórias isso seria uma piada, mas para um pobre mortal como eu, é muita coisa.
Para quem ama escrever como eu,
ler é um inevitável exercício de aprendizagem, pois é através da leitura que
preencho as lacunas do meu intelecto. Esse tem sido um tempo de comer livros,
artigos e mais artigos. Um tempo de alimentar do conhecimento que, digam-se de
passagem, só nos faz crescer enquanto pessoas e cidadãos. Gente sem conteúdo é
difícil de aguentar. Por algum tempo pode até parecer confortável escutar
abobrinhas; as piadas podem até parecer engraçadas num primeiro instante, mas
depois de um tempo tornam-se enfadonhas e ficar ao lado é penoso.
Amo estar ao lado de gente
interessante e que possui conteúdo; gente que tem algo a oferecer e a ensinar.
E olhe que isso nem sempre tem a ver com o quanto a pessoa possui de
conhecimento acadêmico, mas tem a ver com sabedoria. Tem a ver com o quanto
estamos dispostos a aprender. Somos como uma máquina e se o cérebro não é
exercitado ele atrofia. Por isso, tanta gente com a mente atrofiada num mundo
de tanto conhecimento. Gente que não gosta de pensar e deixa que o outro pense
por ela. Gente que não gosta de aprender, pois prefere ver programas burros na
TV ou ficar em frente ao PC visitando sites inúteis. Gente que tem preguiça de
ler, pois foi criado numa cultura da preguiça intelectual. Gente que não gosta
de escutar, pois fala demais e não tem tempo para assimilar conhecimento.
Enfim, gente tola, que fala bobagem, escreve bobagem e mete os pés pelas mãos,
caindo no mesmo buraco o tempo todo.
Se nós que viemos da reforma
e temos como base a teologia de Lutero que diz “Sola Scriptura”, sabemos que a
Bíblia é nossa regra de fé e prática, mas nem ela, se intitula a única forma de
conhecimento, mas ela julga todo o conhecimento e toda sabedoria. Se o
conhecimento e a sabedoria não encontra sustentação no que ela diz, não é
conhecimento nem tão pouco sabedoria.
Somos bombardeados por
milhares de informações o tempo todo, é preciso haver um filtro. Escutamos
tanta besteira, tanta incoerência teologia, tanta incoerência emocional, tanta
incoerência do que se diz conhecimento. É preciso estar, o tempo todo, com
nossos filtros limpos pra não deixar passar sujeira e assim sermos contaminados
pelo lixo que é despejado à nossa volta.
Não tenho escutado música
“gospel” ultimamente, pra não mentir, tenho escutado umas duas bandas, é
verdade. Não por não sentir necessidade de música, amo música, mas por não ter encontrado
quase nada com conteúdo de verdade. A cultura massificada da pós-modernidade trouxe
uma crise de identidade terrível, fazendo com que as pessoas fiquem quase que
robotizadas, pensando e agindo da mesma forma. E tentam nos enfiar garganta
abaixo esse modelo medonho, e acabam por cair nessa armadilha os preguiçosos
intelectuais. Pois é mais fácil consumir o que vem pronto do que pensar e
fazer. Pensar e fazer dá trabalho, é preciso método e estudo, e pra quem
prefere tudo pronto isso é quase que a morte. Por isso se torna mais fácil
copiar, ai fica tudo igualzinho, robotizado, com a mesma roupagem e a mesma
cara. Falta de criatividade.
As palavras de C.S. Lewis
falam muito comigo quando dizem “Àqueles que querem se sentir bem não recomendo
o evangelho, recomendo uma boa garrafa de vinho. O evangelho nos confronta e
nos leva para a cruz.”
Se buscarmos apenas nos
sentir bem, devemos ir ao supermercado pagar por um bom vinho, locar um bom
filme, e nos deleitarmos tomando vinho e assistindo o filme. Entretenimento
apenas.
O evangelho deixa-nos
desconfortáveis, pois ele mexe com nossas estruturas e nos abala. Ele nos faz
refletir a respeito de nós mesmos, de nossas fraquezas, de nossas mazelas. Ele
faz com que olhemos para aquilo que somos e não nos conformemos com o que
vemos. Entendendo que há um caminho a se seguir, é preciso aprender, discernir,
mudar e crescer. E isso dá trabalho, gente com mente preguiçosa não dá conta. É
necessário ser ensinável e estar disposto a aprender. É necessário empenhar tempo
e esforço, nada vem fácil. Conhecimento e crescimento causam incomodo e muitas
vezes são dolorosos, mas vale a pena, o mundo precisa de gente que possua
conteúdo a ser passado para essa e para as futuras gerações.
Deus nos abençoe!