Seguir Jesus é morrer para se ter vida.
Como tu vês Jesus?
Israel buscava um rei político. Jesus foi recebido com
pompas em sua entrada triunfal em Jerusalém. O Povo esperava um rei que os
livrasse das mãos do império romano. Muitos iam até Jesus porque precisavam dos
milagres, ou queriam ver com seus próprios olhos o que Jesus fazia. Muitos queriam ver
superficialmente aquele homem conhecido pelos seus belos discursos, suas curas
e milagres que deixavam as pessoas maravilhadas. Este desejo de ver a Jesus tem
dentro de si apenas a intenção de ver, e quem sabe, apalpar, aquele que está
atraindo multidões. Afinal a fama de Jesus se
espalhou, e não seria diferente, pois os feitos de Jesus eram sobremaneira
impactantes, e todos queriam estar com ele. As pessoas têm problemas, e anseiam
desesperadamente em vê-los sanados. Ninguém deseja, ou gosta de sofrer. Muitas
queriam ver o mestre, seus conselhos, seus ensinamentos. Jesus falava coisas
bonitas, falava por parábolas, contava histórias, ensinava bons costumes.
Entretanto, aquele Jesus que salvou a tantos, curou enfermos,
reviveu mortos, ensinou a tantos outros, não conseguiu salvar-se a si mesmo,
pensavam. Ele sofreu. Ele carregou uma cruz e morreu nessa cruz. Mas, foi
por meio do seu sofrimento e morte que Jesus veio em sua missão de salvar o
mundo. Foi o servo sofredor que trouxe
vida. Foi pelo sacrifício vicário de Jesus, sua morte e sua ressureição que
tivemos acesso à participação na sua glória. Todas as coisas pelas quais Jesus
teve que passar constituem a razão de sua vinda, isso significava ser preso,
amarrado, esbofeteado, chicoteado, ridicularizado, crucificado e morto.
E você, deseja ver o Jesus
Servo Sofredor? Está disposto a carregar uma cruz?
Leiamos o texto. João 12:20-26
Ora, havia alguns gregos, entre os que tinham subido a adorar no dia da festa.
Estes, pois, dirigiram-se a Filipe, que era de Betsaida da Galiléia, e rogaram-lhe, dizendo: Senhor, queríamos ver a Jesus.
Filipe foi dizê-lo a André, e então André e Filipe o disseram a Jesus.
E Jesus lhes respondeu, dizendo: É chegada a hora em que o Filho do homem há de ser glorificado.
Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto.
Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna.
Se alguém me serve, siga-me, e onde eu estiver, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, meu Pai o honrará.
O texto
inicia-se dizendo que os gregos, se dirigiram a Filipe... e lhe
rogaram: Senhor, queremos ver Jesus. Esses gregos, provavelmente, não eram
judeus da dispersão, mas prosélitos, ou mais provavelmente gentios “tementes a
Deus”, que participavam dos cultos na sinagoga, mas que ainda não eram
circuncidados, como Cornélio de Cesaréia, e estavam em Jerusalém por ocasião da
festa da Páscoa judaica.
Em
seguida, ao tomar conhecimento do interesse dos gregos, Jesus não dá resposta
direta. Sua manifestação é surpreendente e ele ensina três atitudes que aqueles
que o procuram, o desejam, e o seguem devem possuir.
1ª atitude: Rejeitar algumas expectativas – v.20-23
Pessoas
de classes e culturas diferentes procuram a Jesus. Os motivos são os mais
diversos. Agora gregos querem falar com ele. Estes gregos podem ter vindo de
qualquer parte do mundo de fala grega, possivelmente de uma cidade grega mais
próxima da Palestina. Os gregos representam aqui o mundo não-judeu. Os
discípulos, surpresos com o desejo dos gregos, consultam-se entre si antes de
atenderem ao pedido. O nome de seu Mestre ultrapassou as fronteiras de Israel.
Há curiosidade em uns, ansiedade e esperança em outros. A visita deu-se na
semana da Páscoa. Quando o texto fala de pessoas gregas, isto é sintomático.
Sua língua era o idioma da diplomacia internacional. As pessoas cultas falavam
e correspondiam-se em grego. Falar, no contexto, em pessoas gregas significa
que o mundo tomou conhecimento de Jesus, que o mundo vem ter com ele. Portanto, motivos religiosos devem ter levado
os gregos a procurarem Jesus. Ele não atende de maneira direta ao seu pedido. A
reação de Jesus é até surpreendente. Ele responde: É chegada a hora da
glorificação do Filho do homem. Também os discípulos se sentem confusos. O caminho
de Jesus ainda está encoberto para os olhos do povo. Só o Pai e o Filho
conhecem o caminho, a obra, o alvo. O Filho, obediente à vontade do Pai,
rejeita as expectativas dos que buscam o rei secular e assume, com humildade, a
via crucis que o aguarda.
O caminho
do aplauso seria a negação da cruz e a ruptura da unidade com o Pai. Mesmo
tendo pleno conhecimento da vontade do Pai, do motivo de sua vinda ao mundo, da
via crucis que o aguardava, a submissão obediente causou-lhe angústia; Jesus
poderia simplesmente, ter decidido não se entregar, e se isso tivesse
acontecido a Igreja sem a cruz de Cristo seria um movimento igual a tantos
outros pelo mundo afora. Nada de especial a destacaria. Um homem chamado Jesus
teria reunido seguidores, mantendo influência sobre eles, desenvolvendo uma
ética apurada, uma nova maneira de procedimento e convívio. Tudo, porém,
limitado por um conceito moral sujeito ao tempo passageiro. A obra de Jesus
Cristo também é um movimento na história da humanidade e tem características como
as acima enumeradas, claro, mas ela não termina por aí. Sua procedência e alvo
são transcendentais. Ela tem a cruz e a ressurreição de Jesus Cristo. É esta
sua diferença de todos e quaisquer movimentos humanos.
A sua
mensagem é levada por pessoas a pessoas. A Bíblia testemunha que os apóstolos
assim procederam, e a Igreja o faz em nossos dias.
Isso só
se tornou possível porque Jesus rejeitou as expectativas humanas. A essência da
resposta de Jesus é que está se aproximando rapidamente o tempo em que não
somente estes gregos, mas muitos outros virão para gozar esta vida nova, mas
primeiro ele precisa morrer.
Jesus
rejeitou as expectativas que as pessoas tinham sobre ele. Eles queriam um rei,
um mestre, um curandeiro, um símbolo religioso.
E você?
Quais as expectativas que as pessoas têm de você e que você precisa rejeitar?
Nesse
mundo em que temos vivido, as pessoas têm muitas expectativas a nosso respeito,
contudo nem todas estão de conformidade com o propósito de Deus para seus
discípulos. Nem todas estão de comum acordo com os ensinamentos de Jesus.
As
pessoas esperam que tenhamos certas posturas contrárias ao que a Bíblia nos
ensina e que ferem o Evangelho de Cristo.
Ser
cristão não quer dizer ser bonzinho, ou agradar as pessoas, muito pelo
contrário, Jesus desagradou a muita gente com seu discurso e suas convicções.
Ele não fazia o papel do “politicamente correto”, ele era correto em todas as
coisas. Jesus não atuava para agradar, ele era autêntico. E autenticidade é o
que tem nos faltado nos dias de hoje. As pessoas se adequam àquilo que lhes
pode trazer algum benefício, ou àquilo que não trará algum desconforto.
Hoje está
na moda e em voga o discurso do “politicamente correto”, e se temos um
pensamento, formado sobre determinado assunto, que não corresponde aos anseios humanos
somos taxados de retrógados, desatualizados, preconceituosos etc.
Precisamos
rejeitar algumas expectativas que os homens têm a nosso respeito e nos preocuparmos
com as expectativas que Deus tem a nosso respeito. Nem sempre agradaremos aos
homens. Muitas vezes é preciso que tomemos atitudes que irão na contramão do
que as pessoas esperam. Precisamos estar balizados em Deus, não em expectativas
humanas.
2ª atitude: Renunciar o que nos prende. V.24-25
Jesus
fala de sua morte de duas maneiras, primeiro como a glorificação do Filho do
Homem, depois da figura da semente que é colocada na terra para produzir uma
colheita abundante. A glorificação de Jesus está intimamente relacionada com
sua recusa de buscar sua própria glória, longe de querer isso ele está disposto
a ser sacrificado para que o plano de Deus se cumpra.
Num
discurso anterior Jesus disse ser o pão da vida que desce do céu para alimentar
e dar vida à humanidade, agora ele indica de maneira clara que primeiro sua
vida precisa ser sacrificada, antes que ele possa alimentar e dar vida aos
outros. A semente precisa primeiro ser semeada, para que haja colheita do trigo
e provisão de pão.
Esses
princípios têm aplicação ampla aplicados à Jesus, e deve ter validade também
para os seus seguidores. Seus seguidores também precisam estar preparados para
renunciar a interesses presentes em favor da herança futura. Seguir a Jesus
significa participar dos sofrimentos dele, participar de sua renúncia, mas
também de sua glória. O Pai glorifica o Filho, e honrará os que servem o Filho,
fazendo com que esses participem da glória dele.
Jesus
renunciou a própria vida em favor da humanidade. Ele abriu mão de toda glória
terrena. Foi humilde, viveu em simplicidade, sofreu todo tipo de humilhação,
foi ultrajado e crucificado.
E nós, o
que precisamos renunciar?
O que
você precisa deixar ir? Deixar morrer? Abrir mão?P
Nos
prendemos a muitas coisas que nos impedem de dar frutos, que nos impedem de
sermos sadios emocionalmente e espiritualmente. As igrejas estão repletas de
pessoas infelizes, doentes da alma, das emoções e do espírito, porque não
renunciam, não abrem mão, não deixam morrer. Pessoas doentes emocionalmente e
espiritualmente não produzirão bons frutos.
Tem gente
que está tão agarrada a certas coisas destrutivas em suas vidas, que nem
percebem que o problema de suas vidas está nela própria, e muitas vezes ficam
culpando outras pessoas. Estão cegas, presas aos seus desejos, pulsões, pecados.
É preciso reconhecer nossas deficiências, para que possamos renunciá-las.
É preciso
renunciar o ego, a carne, o ódio, a maledicência, as más influências, a roda
dos escarnecedores, o desamor, a competição, o dinheiro, o poder, o orgulho, a
inveja, a inimizade, e tantas outras mazelas da alma.
Se não
deixarmos morrer, o velho ficará ocupando lugar do novo. É preciso fazer
limpeza na alma.
Para nos
tornarmos pessoas sadias emocionalmente e espiritualmente, precisamos permitir
que algumas coisas morram. Precisamos abrir mão de outras que nos adoecem,
precisamos deixar ir outras que nos causam mal.
Para que
possamos cumprir nossa missão nesse mundo, é preciso deixar morrer nosso velho homem.
Jesus
renunciou toda pompa, toda honra, todos os holofotes terrenos, para que eu e
você pudéssemos ter vida. E só se tem vida aquele que segue o exemplo do seu
mestre, e também renuncia.
Assim como o grão de trigo que cai na
terra, morre, e então produz fruto, a morte de Cristo transforma-se em fonte de
vida. A partir da ressureição de Cristo, espera-se que os discípulos também
produzam frutos. Como o grão precisa renunciar a sua vida em favor de uma
espiga/outros grão, assim também Cristo renuncia na cruz em favor da nossa
ressurreição. Renúncia é condição, pois, do discipulado de Cristo.
O que
você precisa renunciar?
Lembrem-se
que: somos escravos daquilo a que servimos.
3.ª atitude: Assumir o verdadeiro
sentido da vida v.26
Jesus
assumiu na totalidade o sentido de sua vida. Ele veio ao mundo com uma única
missão, dar sua vida para salvar o mundo. Ele veio ao mundo para servir. E ele
não fugiu à sua responsabilidade, ele foi às últimas consequências, mesmo
sabendo que o fim de tudo seria a morte de cruz.
O exemplo
do grão de trigo nos diz que somos fruto do sacrifício de Jesus, que somos
convidados a viver em comunhão com ele e com os irmãos e a estarmos com ele, no
amanhã, em sua casa paterna. Os frutos nascidos do grão que se entregou
consistem em comunidades. Em seu caminho estão a cruz e a ressurreição. E nelas
buscam respostas para a sua função no mundo.
O caminho
de Jesus, da angústia à alegria, do amor ao serviço, da morte à ressurreição,
deixa suas marcas na vida dos cristãos. Não estamos imunes ao sofrimento. A
obra da salvação é da exclusividade de Jesus, o sofrimento, porém, é
companheiro de jornada também de seus seguidores. Evangelho sem cruz não é
Evangelho. Não podemos anular a cruz, a cruz de Cristo, à qual fomos inseridos, por por meio dela, nossos pecados foram expurgados.
Ser discípulo de Jesus é contar com a
morte, com a renúncia, com o esvaziar-se, com doação em favor dos outros. Vida
e morte terrena, salvação e perdição eterna são postos por Jesus numa relação
tal que subverte todos os cálculos humano. A partir disso podemos compreender a
irritação dos fariseus e escribas. Pois, a verdadeira religião que Jesus
anuncia não possibilita piedade interesseira, não possibilita garantir para si
um futuro melhor pelas boas obras. Mas sim, ele convida para um discipulado sob
a cruz, livre da preocupação por garantias, livre para agir em amor. Pela sua
morte na cruz Jesus se torna um instrumento de amor.
Quem ama a sua vida é aquele que não
está disposto a sacrificar sua vida terrena. É aquele que sua vida gira sempre
em torno de si. É aquele cujo Ego, ocupa o centro da vida. Este, afirma Jesus,
no final das contas, vai ficar sem nada, perderá sua vida. Quem odeia sua vida
é aquele que não ama a sua, que está disposto a entregá-la, a doá-la, a
reparti-la. É aquele que tem Cristo no centro de sua vida, como razão e
fundamento de toda a sua existência. Este, afirma Jesus, terá a vida eterna.
Dessa maneira Jesus desinstala todos aqueles seus seguidores acomodados,
iludidos em sua falsa religiosidade. Esta palavra de Jesus é valorizada pelo
seu próprio exemplo.
Seguir a Jesus é a condição para todo
aquele que quiser servi-lo. Não dá para escapar do discipulado. Ou seja: fora
do discipulado não há como servir ao Mestre. Sabemos dos Evangelhos Sinóticos
todas as preocupações que Jesus teve em preparar seus discípulos. E agora,
novamente, Jesus ensina às pessoas, aos gregos que vieram vê-lo, que servi-lo
significa odiar sua vida neste mundo, (isso significa esvaziarmos daquilo que somos
por nós mesmos, sem Jesus, sem a ação do Espírito Santo), significa produzir
muito fruto e estar disposto a dar a vida por ele. Da mesma forma como Cristo,
o servo também será honrado pelo Pai. Jesus faz essa promessa aos seus
discípulos
Aos incrédulos é impossível participar
desta comunhão, mas é possível aos servos. A palavra Grega Zoe, que é traduzida
por vida, significa uma vida que é compartilhada em Deus no Pai, no Filho, e no
Espírito Santo, e que agora, nós temos acesso através de Cristo. É uma vida
relacional, e essa vida relacional é refletida na nossa existência quando
servimos. Por essa razão, querendo Deus que experimentássemos dessa vida, nos deu
grande oportunidade de servir. E esse é o grande sentido da existência humana. Deus quis mostrar através do serviço essa vida que ele
próprio compartilha em sua Divindade, e ele quer que nós a tenhamos também. Ele enviou o seu próprio Filho para servir.
Pois o serviço dá sentido e importância aos relacionamentos, o serviço gera
relacionamentos com real comprometimento. Enquanto
a ideia do mundo de hoje é relacionamentos sem compromissos, a ideia de
igualdade do mundo não tem profundeza de relacionamentos, o serviço e o amor de
Deus geram em nós laços profundos e inquebráveis.
Sem o serviço que é a submissão seriamos escravos
dos prazeres, o prazer seria o senhor da nossa vida e não o Amor (DEUS).
Removendo o serviço estaríamos fadados a uma vida com uma ilusão de livre-arbítrio,
pois iríamos nos saciar nos prazeres e seriamos escravos deles (Pecado). Por
isso antes de servir é preciso haver renúncia, é preciso morrer. Uma coisa está
intimamente ligada a outra. Se não renunciarmos não seremos servos, seremos
senhores de nós mesmos.
Sem o serviço mais uma coisa que seria abalada, o
Amor; não teria valor objetivo, assim como todos os outros tipos de afetos
seriam algo meramente superficial e sem validade moral
Sem o serviço não há glória excelente, não há
honra, não há nobreza, não há aprendizado espiritual.
O serviço é um dos motivos pelo qual existimos, e
sem ele não existiriam valores morais reais.
Conclusão:
. Uma pessoa egoísta adoece;
. Conheça seus dons e capacite-se:
. Busque ajuda se necessário;
. Esteja atento às frentes de trabalho;
. Servir significa servir na vida. Não é apenas
servir na igreja, ou à igreja;
. Quem mais ganha é o que serve;
E finalmente, o princípio final do serviço é
que Deus nunca exalta o soberbo, ele sempre acaba o abatendo, a palavra soberba
no hebraico é traduzida como vazio ou inflado.
Ou seja, o soberbo aos olhos de Deus é uma pessoa inflada, vazia e arrogante.
Então o verdadeiro
conteúdo diante de Deus é a humildade e o serviço, isso é o que nos faz galgar
genuinamente lugares de posição e glória. O serviço é aquilo que nos enche de
algo que realmente tem valor, a natureza do próprio
Deus.
Amados,
que sejamos servos uns dos outros. Esse é o grande mandamento.
Que Deus
nos abençoe!