ESTUDO
BÍBLICO BASEADO EM UMA HERMENÊUTICA LATINO-AMERICANA
Textos para estudo: Oséias 4 e
Oséias 6.
Na
história recente dos estudos comunicacionais surgiu a noção de cultura das
mídias. A base da reflexão é que o conceito de cultura massiva já não tem sido
suficiente para expressar o que se vivencia na nova conjuntura da comunidade
global. A ideia de cultura de massa foi construída a partir da compreensão de
que havia um conjunto de objetos produzidos para as massas e consumidos por ela.
Ela tem embutida a ênfase numa sociedade em que as maiorias consomem de forma
complexa e indiscriminada, subordinadas à indústria cultural, e,
consequentemente, às classes dominantes que fabricariam produtos sob
estratégias de poder econômico e ideológico.
A
noção cultura das mídias procura dar conta das transformações do contexto
sociopolítico-cultural que atingem a compreensão da cultura de massa.
O
entretenimento oferecido por esses meios frequentemente é agradabilíssimo e
utiliza de instrumentos visuais e auditivos, usando o espetáculo para seduzir o
público e levá-lo a identificar-se com certas opiniões, atitudes, sentimentos e
disposições. A cultura da mídia e a de consumo atua de mãos dadas no sentido de
gerar pensamentos e comportamentos ajustados aos valores, às instituições, às
crenças e às praticas vigentes.
A
mídia é o maior veículo de expressão do “mercado religioso brasileiro”, pois
traduz por meio dela o que todos pensam e não há debates sobre a sua verdade: o
credo mínimo é “Deus e fé”.
As
diversas expressões religiosas brasileiras perpassam por um sistema de crenças
e valores religiosos, que são:
.
Compreensão de Deus: Deus é um Deus que ajuda, abençoa, ilumina, acompanha e
protege. Por isso Deus é objeto de petições e desejos, capaz dos impossíveis.
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Compreensão da relação com Deus: ela é direta, não necessita intermediações,
daí o próprio clero ser dispensável. Deus é amigo, é próximo. Surge com isso
aversão ao rito e um apego ao culto sem obrigações nem rigor.
.
Compreensão da oposição divindades positivas vs. negativas: Deus é soberano,
portanto, o diabo não deve ser levado a sério. Essa atitude pode esconder, no
entanto, um verdadeiro medo do Diabo. Isso explica o fato de nas religiões
concretas o Diabo ocupar lugar destacado, muitas vezes acima de Deus.
.
Compreensão de fé: pensamento positivo ou otimismo, segurança, confiança. Quem
passa por problemas, quem quer vencer na vida, tem que ter fé.
.
Relação com as instituições religiosas: desapego – tendência ao trânsito
religioso.
É
nesse contexto religioso que vivemos o protestantismo no Brasil.
Vivemos a era da massificação. E a igreja, enquanto
instituição eclesiástica, também, tomou isso para si, infelizmente. A
"cara" da igreja deixou de ser Cristo, e passou a ser os inúmeros
"pop stars" travestidos de pastores e levitas.
Enfiam-nos garganta abaixo modelos massificados e aceitamos, copiamos e
deixamos de criar o nosso próprio modelo, baseado e fundamentado em Cristo.
As igrejas incham e há uma
falta generalizada de conhecimento de Deus e de sua palavra. A fome por poder e
dinheiro prostituem a igreja, enquanto instituição eclesiástica, que não se
importa com as almas que se perdem, desde que essas engordem os cofres.
Não há transformação de
caráter e consequentemente não há transformação social. A igreja se tornou um
grande palco de entretenimento e reunião social, bem como um mercado onde se
compram as bênçãos, e tem na mídia um aliado implacável.
Em Oséias 4.1,2 e 3, Deus
admoesta ao povo para que ouça a sua voz, dizendo que Ele não está agradando de
suas práticas. E como consequência dessas práticas a terra toda está sofrendo e
em luto.
Isso nos revela, hoje, que
somos responsáveis pelo sofrimento da terra, pois, nós cristãos fomos
escolhidos para sermos os agentes transformadores, aqueles que fazem
discípulos, no entanto, nossas práticas entristecem a Deus e não salgam o
mundo. Como consequência, um mundo onde não há a infusão do caráter de Cristo,
sofre.
Contudo em Oséias 4 e 5 Deus
faz uma exortação ainda pior, Ele censura o comportamento dos sacerdotes e os
responsabiliza pela tragédia, “Entretanto ninguém poderá acusar (o povo), nem o
repreender, mas eu censuro a ti ó sacerdote. Tu tropeçarás em pleno dia, assim
como o profeta durante a noite.”..
...”Farte ei perecer, porque
meu povo se perde por falta de conhecimento...” (vs 6). O sacerdote perecerá,
assim como o povo tem perecido, por falta de conhecimento, já que ele é o
responsável por instruir o povo, mas, não o tem instruído, e o mantém alienado.
O grande problema da cultura
massificada nas igrejas é que ela trás consigo o caráter capitalista, o ser
perde lugar em detrimento do ter. Não se ensina, o povo continua alienado e
opresso tornando-se presa fácil à manipulação, e consequentemente não se
transforma, não dá frutos, não cresce. Quanto mais se multiplicam mais pecam,
pois se agrega cada vez mais pessoas oriundas das inúmeras crenças e práticas
religiosas, que buscam as soluções imediatistas oferecidas pelas igrejas, sem
que sejam discipuladas e instruídas na Verdade que é Cristo e sua palavra. Não
são libertas, como consequência, não têm seu caráter, nem vidas transformadas;
e tudo à volta permanece no caos.
Vs 8 – “Eles se nutrem do
pecado do meu povo, e são ávidos de suas iniquidades.” Prostituição da igreja
que não discípula, mas recebe a “recompensa” (dinheiro, poder), por causa da
iniquidade do povo, que vive cego e numa vida infrutífera e pecaminosa, ainda que, dentro da igreja; nutrindo os
desejos de poder e dinheiro de uma instituição prostituta, onde seus “cafetões”
recebem os benefícios.
Vs 9,10 e 11 – Deus fala
sobre a vida infrutífera daqueles que assim procedem, ainda que tenham poder,
fama e dinheiro, não serão saciados, não produzirão frutos e serão ceifados.
Pois ainda que possuam aquilo que a seus olhos causem deleite, terão sua razão
encoberta, impedida (vs 11b - abafam a razão), serão como insensatos, loucos.
Do vs 12 ao vs 19– Deus
enumera o pecado do povo (nação de Israel), e as consequências que virão.
Assim tem sido dentro das
igrejas, toda forma de abominação e pecado, como, idolatria, venda de
indulgências, misticismo, adultério, lascívia etc; e também temos colhido as
danosas consequências oriundas dos pecados.
Mas, em Oséias 6. 1, 2 e 3,
o povo toma consciência do seu pecado e decide mudar de atitude, retornar à
Deus, pois Ele os dará novamente a vida, “Vinde, voltemos ao Senhor...”; decidem
aplicar em conhecer o Senhor, “Apliquemo-nos a conhecer o Senhor...”; pois,
entendem que assim como Deus os feriu Ele, também, os curará, “...Ele
feriu-nos, Ele nos curará...”.
E no vs 3b – acontece o
ápice da certeza da redenção, e poderão, então, celebrar quando a chuva serôdia
irrigar a terra seca e a fizer fecunda novamente.
No restante do capítulo
vemos Deus, novamente, falando ao povo sobre seus erros e pecados, sobre as
iniquidades que cometeram. Deus ainda diz que quer amor e não sacrifícios, e o
conhecimento mais que holocaustos.
E encerra o capítulo dizendo
que, apesar de todos os erros, haverá boa colheita em Judá, quando Ele curar
Israel.
Entendemos, então, que
existe uma saída, precisamos agir. Precisamos tomar consciência desses erros,
precisamos arrepender-nos, pedir perdão, tomarmos novas atitudes, buscar
conhecimento de Deus, amarmos a Deus pelo que Ele é, e pararmos de oferecer
sacrifícios de tolo em troca de favores.
Deus, por certo, virá como
chuva sobre a igreja, sobre seu povo, e os fará fecundos novamente, e poderemos
sim realizar a grande colheita que tanto almejamos.
Deus nos abençoe!
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