DA JANELA VIA O TRONCO
Querido leitor, oro para que Deus revele ao seu coração, as mensagens contidas nas entrelinhas desse conto. Leia com atenção!
Socorro
quer matar-me! Inhá deu o último aperto no espartilho. Era preciso ter cintura
de pilão. Nunca entendi muito bem, porque nos faziam usar aquilo. Quando
garota, gostava mesmo de brincar no quintal. Nossa fazenda tinha terra a perder
de vista, e os filhos dos escravos, tinham certa liberdade, principalmente os
filhos de nossas amas, gostava de estar com eles, afinal, podiam correr descalços,
fazer castelos de barro; mas mamãe
obrigava-me a viver emperiquitada, dos pés à cabeça. O que eu queria mesmo era
estar descalço, sentir a terra em meus pés. Sentia inveja de Maneco, ele sim
era feliz, comia quando queria, lambuzava-se se deliciando com a manga pega no
pé, sem frescuras, podia rolar na grama, e assentar-se no chão se quisesse. Nossa!
Isso sim era vida! Quanta liberdade! E eu, sem opção de escolha, crescia em
meio aos paparicos e regalias. Minhas amas eram como se fossem minhas mães,
pois mamãe entregava todo o meu cuidado a elas. Eu as amava, só não gostava do
espartilho, bom, também não gostava de usar camadas sobre camadas de anáguas. Porque
se fazia necessário tanta roupa? Ficava difícil movimentar-me. Precisava ter
boas maneiras, era filha do senhor do engenho. Oh! Temível papai! Mamãe se
calava diante de suas brutalidades, mas eu nem me importava, dava de ombros e
saía. Papai dizia que mamãe havia me educado mal. No fundo tinha pena de mamãe,
se sujeitava a todos os desmandos de papai. Ela foi dada em casamento a ele
ainda muito jovem. Meus avós eram ricos fazendeiros que queriam juntar suas
fortunas, terra valia ouro. Também possuíam muitos escravos, lembro-me de
alguns que viveram um pouco mais, outros morreram no tronco. Odiava ouvir
aqueles gritos, enfiava-me debaixo da cama, e tapava meus ouvidos. Inhá
colocava-me em seus braços, e tentava acalmar-me naquele momento, ela cantava
sempre a mesma canção, um canto de tristeza e de alento. E em seus braços, me
sentia segura. Aqueles gritos ficaram gravados em minha memória, um a um,
algumas vezes chegava até a janela e observava o carrasco deferindo suas
chicotadas, nos lombos dos escravos. As correntes nos pés causavam-me terror,
seus braços eram estendidos e amarrados em uma argola na parte superior do
tronco.
Lembro-me
que algumas vezes, pela manhã, ainda havia sangue escorrendo no tronco. Sentia
arrepios ao passar próximo àquele lugar. Era lugar de morte, podia sentir o
cheiro da ferrugem nas correntes, que se misturava ao sangue derramado. Era
como se as almas ainda estivessem presas ali, expelindo um grito desesperado de
socorro. Os que não morriam, ficavam acorrentados, jogados na senzala, com seus
corpos dilacerados pelos golpes do cruel capataz. Olhava para tal situação e
impotente, não tinha como ajudar. Se pudesse, tratar aquelas feridas! Havia
bálsamo em casa, mas não para os escravos. Algumas vezes, pude perceber as
cicatrizes nos lombos de alguns, eram cicatrizes deveras profundas. Inhá
contava que à noite na senzala os escravos cantavam de dor. Era um canto de
tristeza, as portas estavam trancadas, ninguém entrava e ninguém saía. O
capataz mantinha a chave consigo e fazia o que lhe bem parecia. Pobres
escravos! Escravos do medo e da incerteza, tratados como mercadoria descartável
e sem valor. Sentia a amargura em seus olhos, a dor de suas almas exalava entre
um suspiro e outro. Sem voz, sujeitos ao cárcere. Não eram donos de si mesmos,
não possuíam herança. Tudo que tinham eram as correntes.
Simone Becker
Imagine uma caverna onde só há trevas, e a luz não se faz presente. Homens foram lançados ali, com seus pés acorrentados. Viviam nas trevas, se movimentavam apenas até onde a corrente lhes permitia. Com o passar do tempo, conseguiam se movimentar no escuro, pois já sabiam o tamanho da corrente e se familiarizaram com o lugar. Certa noite enquanto dormiam, entrou um homem que quebrou as correntes, eles não se encontravam mais presos, estavam livres, mas estavam impossibilitados de ver, pois as trevas os impedia. Sequer perceberam a falta das correntes, pois estavam demasiado acostumados a elas e ao percurso que faziam. Poderiam ter saído da caverna, mas permaneceram lá. Já eram livres, e continuavam presos, viveram cativos e desperdiçaram suas vidas como prisioneiros sem correntes.
Jesus já nos libertou, somos livres. Todo escrito de dívida que era contra nós, já
foi pago na cruz do calvário. Saia do cativeiro, saia do lugar de morte, não há
mais correntes em seus pés, você é livre.
Deus
nos abençoe!
“O
espírito do Senhor Deus está sobre mim; porque o Senhor me ungiu, para pregar
boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar
liberdade aos cativos, e a por em liberdade os algemados. A apregoar o ano
aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os que
choram . A ordenar acerca dos tristes de Sião que se lhe dê glória em vez de
cinza, óleo de alegria em vez de tristeza, vestes de louvor em vez de espírito
angustiado; a fim de que chamem de justiça, plantações do Senhor, para que ele
seja glorificado.” (Isaías 61: 1 e 3)
Graças a Deus por Jesus Cristo que nos libertou e nos transportou para o Reino da Luz!
ResponderExcluirQue bom que Deus tem te usado para proclamar a verdade que liberta!
Belas mensagens!Que o Espírito Santo continue a falar em seu coração para que Sua palavra alcance as diversas partes do mundo.
Adriana
Glórias a Deus! Somos livres!!!!!
ResponderExcluirEsse é o verdadeiro amor, que nos liberta, nos consola, nos atrai, nos ensina e nos abençoa!
Alessandra