POBRE MUNDO VAZIO
"O termo mal abrange tudo que
é negativo e inclui tanto a alienação quanto a destruição.
As possibilidades de
desintegração sempre estão presentes no ser humano, como ser plenamente
centrado sob o controle da hybris e da concupiscência o eu pode aproximar-se do
estado de desintegração. A tentativa do eu finito de ser o centro de tudo, faz
com que ele deixe de ser o centro de qualquer coisa. O ser humano, então, é
arrastado para todas as direções sem qualquer meta e conteúdos definidos. A perda do eu, marca básica do mal, é a perda
do próprio centro. O ser humano perde o poder de relacionar-se consigo mesmo e
consequentemente com o mundo a sua volta, perde a si mesmo e perde o seu mundo.
A inquietude, o vazio, e a
falta de sentido, empurra o ser humano para a escolha de seus objetos, pessoas,
coisas que são completamente contingentes para ele, portanto podem ser substituídos
por outros. Não existindo relação essencial entre um agente livre e seus
objetos, nenhuma escolha é preferível à outra e o destino se dorna uma
necessidade mecânica. Reduzir o ser humano a um sistema de formas lógicas,
morais e estéticas, o limita apenas à sujeição da lei e retira de si a
criatividade.
Quanto mais individualizado for
um ser, tanto quanto maior será sua capacidade de participar. Sendo assim, num
estado de alienação o ser humano se fecha em si mesmo e suprime toda essa
participação. Ele cai sob o domínio dos objetos, convertendo-os em objetos
desprovidos de um eu". (Paul Tillic)”
Este é o mundo alienado em
que vivemos! Onde os objetos sobrepõem à criatividade. Onde a barriga fala mais
alto que cérebro. Onde o ser humano torna-se o centro de si mesmo, e acaba por
perder seu mundo que se transforma apenas no que é palpável. Onde as coisas finitas passam a ter maior
importância que as coisas para além, como a essência.
Pobre mundo vazio, que vive
sua inquietude e falta de sentido, debruçado sobre as ofertas que melhor lhe
convêm, e converte sua liberdade numa questão de contingência e necessidade
mecânica, transformando seu mundo na necessidade momentânea em si, procurando
prolongar o reduzido lapso de tempo que nos é concedido, preenchendo-o com tantas
coisas transitórias quanto possíveis, opondo-se à ameaça última de sua
finitude, onde a existência será sobreposta pela essência.
Pobre mundo vazio que se
enrola no que é momentâneo, por não conseguir ver o que é eterno.
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