quarta-feira, 25 de setembro de 2013


GOSTARIA DE ESCREVER MAIS


Amo escrever, mas nesses últimos tempos tenho escrito muito pouco. Não por falta de vontade ou por falta de assuntos; minha mente e minha mão anseiam em estar à frente do teclado ou simplesmente segurando uma caneta diante de uma folha de papel, mas o tempo tem sido deveras escasso e tem passado tão rápido que, quando percebo já se adentrou a madrugada.
Nesse último mês, acredito eu, ter lido quilômetros de páginas de artigos acadêmicos, bem como pilhas de livros, se não me falha a memória, cinco em quatro semanas. Sei que para os grandes homens, que já escreveram suas histórias isso seria uma piada, mas para um pobre mortal como eu, é muita coisa.
Para quem ama escrever como eu, ler é um inevitável exercício de aprendizagem, pois é através da leitura que preencho as lacunas do meu intelecto. Esse tem sido um tempo de comer livros, artigos e mais artigos. Um tempo de alimentar do conhecimento que, digam-se de passagem, só nos faz crescer enquanto pessoas e cidadãos. Gente sem conteúdo é difícil de aguentar. Por algum tempo pode até parecer confortável escutar abobrinhas; as piadas podem até parecer engraçadas num primeiro instante, mas depois de um tempo tornam-se enfadonhas e ficar ao lado é penoso.
Amo estar ao lado de gente interessante e que possui conteúdo; gente que tem algo a oferecer e a ensinar. E olhe que isso nem sempre tem a ver com o quanto a pessoa possui de conhecimento acadêmico, mas tem a ver com sabedoria. Tem a ver com o quanto estamos dispostos a aprender. Somos como uma máquina e se o cérebro não é exercitado ele atrofia. Por isso, tanta gente com a mente atrofiada num mundo de tanto conhecimento. Gente que não gosta de pensar e deixa que o outro pense por ela. Gente que não gosta de aprender, pois prefere ver programas burros na TV ou ficar em frente ao PC visitando sites inúteis. Gente que tem preguiça de ler, pois foi criado numa cultura da preguiça intelectual. Gente que não gosta de escutar, pois fala demais e não tem tempo para assimilar conhecimento. Enfim, gente tola, que fala bobagem, escreve bobagem e mete os pés pelas mãos, caindo no mesmo buraco o tempo todo.
Se nós que viemos da reforma e temos como base a teologia de Lutero que diz “Sola Scriptura”, sabemos que a Bíblia é nossa regra de fé e prática, mas nem ela, se intitula a única forma de conhecimento, mas ela julga todo o conhecimento e toda sabedoria. Se o conhecimento e a sabedoria não encontra sustentação no que ela diz, não é conhecimento nem tão pouco sabedoria.
Somos bombardeados por milhares de informações o tempo todo, é preciso haver um filtro. Escutamos tanta besteira, tanta incoerência teologia, tanta incoerência emocional, tanta incoerência do que se diz conhecimento. É preciso estar, o tempo todo, com nossos filtros limpos pra não deixar passar sujeira e assim sermos contaminados pelo lixo que é despejado à nossa volta.
Não tenho escutado música “gospel” ultimamente, pra não mentir, tenho escutado umas duas bandas, é verdade. Não por não sentir necessidade de música, amo música, mas por não ter encontrado quase nada com conteúdo de verdade. A cultura massificada da pós-modernidade trouxe uma crise de identidade terrível, fazendo com que as pessoas fiquem quase que robotizadas, pensando e agindo da mesma forma. E tentam nos enfiar garganta abaixo esse modelo medonho, e acabam por cair nessa armadilha os preguiçosos intelectuais. Pois é mais fácil consumir o que vem pronto do que pensar e fazer. Pensar e fazer dá trabalho, é preciso método e estudo, e pra quem prefere tudo pronto isso é quase que a morte. Por isso se torna mais fácil copiar, ai fica tudo igualzinho, robotizado, com a mesma roupagem e a mesma cara. Falta de criatividade.
As palavras de C.S. Lewis falam muito comigo quando dizem “Àqueles que querem se sentir bem não recomendo o evangelho, recomendo uma boa garrafa de vinho. O evangelho nos confronta e nos leva para a cruz.”
Se buscarmos apenas nos sentir bem, devemos ir ao supermercado pagar por um bom vinho, locar um bom filme, e nos deleitarmos tomando vinho e assistindo o filme. Entretenimento apenas.  
O evangelho deixa-nos desconfortáveis, pois ele mexe com nossas estruturas e nos abala. Ele nos faz refletir a respeito de nós mesmos, de nossas fraquezas, de nossas mazelas. Ele faz com que olhemos para aquilo que somos e não nos conformemos com o que vemos. Entendendo que há um caminho a se seguir, é preciso aprender, discernir, mudar e crescer. E isso dá trabalho, gente com mente preguiçosa não dá conta. É necessário ser ensinável e estar disposto a aprender. É necessário empenhar tempo e esforço, nada vem fácil. Conhecimento e crescimento causam incomodo e muitas vezes são dolorosos, mas vale a pena, o mundo precisa de gente que possua conteúdo a ser passado para essa e para as futuras gerações.

Deus nos abençoe!