domingo, 15 de maio de 2016


Seguir Jesus é morrer para se ter vida.

 

Como tu vês Jesus?

Israel buscava um rei político. Jesus foi recebido com pompas em sua entrada triunfal em Jerusalém. O Povo esperava um rei que os livrasse das mãos do império romano. Muitos iam até Jesus porque precisavam dos milagres, ou queriam ver com seus próprios olhos o que Jesus fazia. Muitos queriam ver superficialmente aquele homem conhecido pelos seus belos discursos, suas curas e milagres que deixavam as pessoas maravilhadas. Este desejo de ver a Jesus tem dentro de si apenas a intenção de ver, e quem sabe, apalpar, aquele que está atraindo multidões. Afinal a fama de Jesus se espalhou, e não seria diferente, pois os feitos de Jesus eram sobremaneira impactantes, e todos queriam estar com ele. As pessoas têm problemas, e anseiam desesperadamente em vê-los sanados. Ninguém deseja, ou gosta de sofrer. Muitas queriam ver o mestre, seus conselhos, seus ensinamentos. Jesus falava coisas bonitas, falava por parábolas, contava histórias, ensinava bons costumes.
Entretanto, aquele Jesus que salvou a tantos, curou enfermos, reviveu mortos, ensinou a tantos outros, não conseguiu salvar-se a si mesmo, pensavam. Ele sofreu. Ele carregou uma cruz e morreu nessa cruz. Mas, foi por meio do seu sofrimento e morte que Jesus veio em sua missão de salvar o mundo. Foi o servo sofredor que trouxe vida. Foi pelo sacrifício vicário de Jesus, sua morte e sua ressureição que tivemos acesso à participação na sua glória. Todas as coisas pelas quais Jesus teve que passar constituem a razão de sua vinda, isso significava ser preso, amarrado, esbofeteado, chicoteado, ridicularizado, crucificado e morto.
E você, deseja ver o Jesus Servo Sofredor? Está disposto a carregar uma cruz?

Leiamos o texto. João 12:20-26



Ora, havia alguns gregos, entre os que tinham subido a adorar no dia da festa.

Estes, pois, dirigiram-se a Filipe, que era de Betsaida da Galiléia, e rogaram-lhe, dizendo: Senhor, queríamos ver a Jesus.
Filipe foi dizê-lo a André, e então André e Filipe o disseram a Jesus.
E Jesus lhes respondeu, dizendo: É chegada a hora em que o Filho do homem há de ser glorificado.
Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto.
Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna.
Se alguém me serve, siga-me, e onde eu estiver, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, meu Pai o honrará.

O texto inicia-se dizendo que os gregos, se dirigiram a Filipe... e lhe rogaram: Senhor, queremos ver Jesus. Esses gregos, provavelmente, não eram judeus da dispersão, mas prosélitos, ou mais provavelmente gentios “tementes a Deus”, que participavam dos cultos na sinagoga, mas que ainda não eram circuncidados, como Cornélio de Cesaréia, e estavam em Jerusalém por ocasião da festa da Páscoa judaica.
Em seguida, ao tomar conhecimento do interesse dos gregos, Jesus não dá resposta direta. Sua manifestação é surpreendente e ele ensina três atitudes que aqueles que o procuram, o desejam, e o seguem devem possuir.

1ª atitude: Rejeitar algumas expectativas – v.20-23

Pessoas de classes e culturas diferentes procuram a Jesus. Os motivos são os mais diversos. Agora gregos querem falar com ele. Estes gregos podem ter vindo de qualquer parte do mundo de fala grega, possivelmente de uma cidade grega mais próxima da Palestina. Os gregos representam aqui o mundo não-judeu. Os discípulos, surpresos com o desejo dos gregos, consultam-se entre si antes de atenderem ao pedido. O nome de seu Mestre ultrapassou as fronteiras de Israel. Há curiosidade em uns, ansiedade e esperança em outros. A visita deu-se na semana da Páscoa. Quando o texto fala de pessoas gregas, isto é sintomático. Sua língua era o idioma da diplomacia internacional. As pessoas cultas falavam e correspondiam-se em grego. Falar, no contexto, em pessoas gregas significa que o mundo tomou conhecimento de Jesus, que o mundo vem ter com ele.  Portanto, motivos religiosos devem ter levado os gregos a procurarem Jesus. Ele não atende de maneira direta ao seu pedido. A reação de Jesus é até surpreendente. Ele responde: É chegada a hora da glorificação do Filho do homem. Também os discípulos se sentem confusos. O caminho de Jesus ainda está encoberto para os olhos do povo. Só o Pai e o Filho conhecem o caminho, a obra, o alvo. O Filho, obediente à vontade do Pai, rejeita as expectativas dos que buscam o rei secular e assume, com humildade, a via crucis que o aguarda.
O caminho do aplauso seria a negação da cruz e a ruptura da unidade com o Pai. Mesmo tendo pleno conhecimento da vontade do Pai, do motivo de sua vinda ao mundo, da via crucis que o aguardava, a submissão obediente causou-lhe angústia; Jesus poderia simplesmente, ter decidido não se entregar, e se isso tivesse acontecido a Igreja sem a cruz de Cristo seria um movimento igual a tantos outros pelo mundo afora. Nada de especial a destacaria. Um homem chamado Jesus teria reunido seguidores, mantendo influência sobre eles, desenvolvendo uma ética apurada, uma nova maneira de procedimento e convívio. Tudo, porém, limitado por um conceito moral sujeito ao tempo passageiro. A obra de Jesus Cristo também é um movimento na história da humanidade e tem características como as acima enumeradas, claro, mas ela não termina por aí. Sua procedência e alvo são transcendentais. Ela tem a cruz e a ressurreição de Jesus Cristo. É esta sua diferença de todos e quaisquer movimentos humanos.
A sua mensagem é levada por pessoas a pessoas. A Bíblia testemunha que os apóstolos assim procederam, e a Igreja o faz em nossos dias.
Isso só se tornou possível porque Jesus rejeitou as expectativas humanas. A essência da resposta de Jesus é que está se aproximando rapidamente o tempo em que não somente estes gregos, mas muitos outros virão para gozar esta vida nova, mas primeiro ele precisa morrer.
Jesus rejeitou as expectativas que as pessoas tinham sobre ele. Eles queriam um rei, um mestre, um curandeiro, um símbolo religioso.
E você? Quais as expectativas que as pessoas têm de você e que você precisa rejeitar?
Nesse mundo em que temos vivido, as pessoas têm muitas expectativas a nosso respeito, contudo nem todas estão de conformidade com o propósito de Deus para seus discípulos. Nem todas estão de comum acordo com os ensinamentos de Jesus.
As pessoas esperam que tenhamos certas posturas contrárias ao que a Bíblia nos ensina e que ferem o Evangelho de Cristo.
Ser cristão não quer dizer ser bonzinho, ou agradar as pessoas, muito pelo contrário, Jesus desagradou a muita gente com seu discurso e suas convicções. Ele não fazia o papel do “politicamente correto”, ele era correto em todas as coisas. Jesus não atuava para agradar, ele era autêntico. E autenticidade é o que tem nos faltado nos dias de hoje. As pessoas se adequam àquilo que lhes pode trazer algum benefício, ou àquilo que não trará algum desconforto.
Hoje está na moda e em voga o discurso do “politicamente correto”, e se temos um pensamento, formado sobre determinado assunto, que não corresponde aos anseios humanos somos taxados de retrógados, desatualizados, preconceituosos etc.
Precisamos rejeitar algumas expectativas que os homens têm a nosso respeito e nos preocuparmos com as expectativas que Deus tem a nosso respeito. Nem sempre agradaremos aos homens. Muitas vezes é preciso que tomemos atitudes que irão na contramão do que as pessoas esperam. Precisamos estar balizados em Deus, não em expectativas humanas.

2ª atitude: Renunciar o que nos prende. V.24-25

Jesus fala de sua morte de duas maneiras, primeiro como a glorificação do Filho do Homem, depois da figura da semente que é colocada na terra para produzir uma colheita abundante. A glorificação de Jesus está intimamente relacionada com sua recusa de buscar sua própria glória, longe de querer isso ele está disposto a ser sacrificado para que o plano de Deus se cumpra.
Num discurso anterior Jesus disse ser o pão da vida que desce do céu para alimentar e dar vida à humanidade, agora ele indica de maneira clara que primeiro sua vida precisa ser sacrificada, antes que ele possa alimentar e dar vida aos outros. A semente precisa primeiro ser semeada, para que haja colheita do trigo e provisão de pão.
Esses princípios têm aplicação ampla aplicados à Jesus, e deve ter validade também para os seus seguidores. Seus seguidores também precisam estar preparados para renunciar a interesses presentes em favor da herança futura. Seguir a Jesus significa participar dos sofrimentos dele, participar de sua renúncia, mas também de sua glória. O Pai glorifica o Filho, e honrará os que servem o Filho, fazendo com que esses participem da glória dele.
Jesus renunciou a própria vida em favor da humanidade. Ele abriu mão de toda glória terrena. Foi humilde, viveu em simplicidade, sofreu todo tipo de humilhação, foi ultrajado e crucificado.
E nós, o que precisamos renunciar?
O que você precisa deixar ir? Deixar morrer? Abrir mão?P
Nos prendemos a muitas coisas que nos impedem de dar frutos, que nos impedem de sermos sadios emocionalmente e espiritualmente. As igrejas estão repletas de pessoas infelizes, doentes da alma, das emoções e do espírito, porque não renunciam, não abrem mão, não deixam morrer. Pessoas doentes emocionalmente e espiritualmente não produzirão bons frutos.
Tem gente que está tão agarrada a certas coisas destrutivas em suas vidas, que nem percebem que o problema de suas vidas está nela própria, e muitas vezes ficam culpando outras pessoas. Estão cegas, presas aos seus desejos, pulsões, pecados. É preciso reconhecer nossas deficiências, para que possamos renunciá-las.
É preciso renunciar o ego, a carne, o ódio, a maledicência, as más influências, a roda dos escarnecedores, o desamor, a competição, o dinheiro, o poder, o orgulho, a inveja, a inimizade, e tantas outras mazelas da alma.
Se não deixarmos morrer, o velho ficará ocupando lugar do novo. É preciso fazer limpeza na alma.
Para nos tornarmos pessoas sadias emocionalmente e espiritualmente, precisamos permitir que algumas coisas morram. Precisamos abrir mão de outras que nos adoecem, precisamos deixar ir outras que nos causam mal.
Para que possamos cumprir nossa missão nesse mundo, é preciso deixar morrer nosso velho homem.
Jesus renunciou toda pompa, toda honra, todos os holofotes terrenos, para que eu e você pudéssemos ter vida. E só se tem vida aquele que segue o exemplo do seu mestre, e também renuncia.
Assim como o grão de trigo que cai na terra, morre, e então produz fruto, a morte de Cristo transforma-se em fonte de vida. A partir da ressureição de Cristo, espera-se que os discípulos também produzam frutos. Como o grão precisa renunciar a sua vida em favor de uma espiga/outros grão, assim também Cristo renuncia na cruz em favor da nossa ressurreição. Renúncia é condição, pois, do discipulado de Cristo.
O que você precisa renunciar?
Lembrem-se que: somos escravos daquilo a que servimos.

3.ª atitude: Assumir o verdadeiro sentido da vida v.26
Jesus assumiu na totalidade o sentido de sua vida. Ele veio ao mundo com uma única missão, dar sua vida para salvar o mundo. Ele veio ao mundo para servir. E ele não fugiu à sua responsabilidade, ele foi às últimas consequências, mesmo sabendo que o fim de tudo seria a morte de cruz.
O exemplo do grão de trigo nos diz que somos fruto do sacrifício de Jesus, que somos convidados a viver em comunhão com ele e com os irmãos e a estarmos com ele, no amanhã, em sua casa paterna. Os frutos nascidos do grão que se entregou consistem em comunidades. Em seu caminho estão a cruz e a ressurreição. E nelas buscam respostas para a sua função no mundo.
O caminho de Jesus, da angústia à alegria, do amor ao serviço, da morte à ressurreição, deixa suas marcas na vida dos cristãos. Não estamos imunes ao sofrimento. A obra da salvação é da exclusividade de Jesus, o sofrimento, porém, é companheiro de jornada também de seus seguidores. Evangelho sem cruz não é Evangelho. Não podemos anular a cruz, a cruz de Cristo, à qual fomos inseridos, por por meio dela, nossos pecados foram expurgados. 
Ser discípulo de Jesus é contar com a morte, com a renúncia, com o esvaziar-se, com doação em favor dos outros. Vida e morte terrena, salvação e perdição eterna são postos por Jesus numa relação tal que subverte todos os cálculos humano. A partir disso podemos compreender a irritação dos fariseus e escribas. Pois, a verdadeira religião que Jesus anuncia não possibilita piedade interesseira, não possibilita garantir para si um futuro melhor pelas boas obras. Mas sim, ele convida para um discipulado sob a cruz, livre da preocupação por garantias, livre para agir em amor. Pela sua morte na cruz Jesus se torna um instrumento de amor.
Quem ama a sua vida é aquele que não está disposto a sacrificar sua vida terrena. É aquele que sua vida gira sempre em torno de si. É aquele cujo Ego, ocupa o centro da vida. Este, afirma Jesus, no final das contas, vai ficar sem nada, perderá sua vida. Quem odeia sua vida é aquele que não ama a sua, que está disposto a entregá-la, a doá-la, a reparti-la. É aquele que tem Cristo no centro de sua vida, como razão e fundamento de toda a sua existência. Este, afirma Jesus, terá a vida eterna. Dessa maneira Jesus desinstala todos aqueles seus seguidores acomodados, iludidos em sua falsa religiosidade. Esta palavra de Jesus é valorizada pelo seu próprio exemplo.
Seguir a Jesus é a condição para todo aquele que quiser servi-lo. Não dá para escapar do discipulado. Ou seja: fora do discipulado não há como servir ao Mestre. Sabemos dos Evangelhos Sinóticos todas as preocupações que Jesus teve em preparar seus discípulos. E agora, novamente, Jesus ensina às pessoas, aos gregos que vieram vê-lo, que servi-lo significa odiar sua vida neste mundo, (isso significa esvaziarmos daquilo que somos por nós mesmos, sem Jesus, sem a ação do Espírito Santo), significa produzir muito fruto e estar disposto a dar a vida por ele. Da mesma forma como Cristo, o servo também será honrado pelo Pai. Jesus faz essa promessa aos seus discípulos
Aos incrédulos é impossível participar desta comunhão, mas é possível aos servos. A palavra Grega Zoe, que é traduzida por vida, significa uma vida que é compartilhada em Deus no Pai, no Filho, e no Espírito Santo, e que agora, nós temos acesso através de Cristo. É uma vida relacional, e essa vida relacional é refletida na nossa existência quando servimos. Por essa razão, querendo Deus que experimentássemos dessa vida, nos deu grande oportunidade de servir. E esse é o grande sentido da existência humana. Deus quis mostrar através do serviço essa vida que ele próprio compartilha em sua Divindade, e ele quer que nós a tenhamos também. Ele enviou o seu próprio Filho para servir. Pois o serviço dá sentido e importância aos relacionamentos, o serviço gera relacionamentos com real comprometimento. Enquanto a ideia do mundo de hoje é relacionamentos sem compromissos, a ideia de igualdade do mundo não tem profundeza de relacionamentos, o serviço e o amor de Deus geram em nós laços profundos e inquebráveis.
Sem o serviço que é a submissão seriamos escravos dos prazeres, o prazer seria o senhor da nossa vida e não o Amor (DEUS). Removendo o serviço estaríamos fadados a uma vida com uma ilusão de livre-arbítrio, pois iríamos nos saciar nos prazeres e seriamos escravos deles (Pecado). Por isso antes de servir é preciso haver renúncia, é preciso morrer. Uma coisa está intimamente ligada a outra. Se não renunciarmos não seremos servos, seremos senhores de nós mesmos.
Sem o serviço mais uma coisa que seria abalada, o Amor; não teria valor objetivo, assim como todos os outros tipos de afetos seriam algo meramente superficial e sem validade moral
Sem o serviço não há glória excelente, não há honra, não há nobreza, não há aprendizado espiritual.
O serviço é um dos motivos pelo qual existimos, e sem ele não existiriam valores morais reais.

Conclusão:

. Uma pessoa egoísta adoece;
. Conheça seus dons e capacite-se:
. Busque ajuda se necessário;
. Esteja atento às frentes de trabalho;
. Servir significa servir na vida. Não é apenas servir na igreja, ou à igreja;
. Quem mais ganha é o que serve;

E finalmente, o princípio final do serviço é que Deus nunca exalta o soberbo, ele sempre acaba o abatendo, a palavra soberba no hebraico é traduzida como vazio ou inflado. Ou seja, o soberbo aos olhos de Deus é uma pessoa inflada, vazia e arrogante.
Então o verdadeiro conteúdo diante de Deus é a humildade e o serviço, isso é o que nos faz galgar genuinamente lugares de posição e glória. O serviço é aquilo que nos enche de algo que realmente tem valor, a natureza do próprio Deus.
Amados, que sejamos servos uns dos outros. Esse é o grande mandamento.

Que Deus nos abençoe!