sexta-feira, 26 de abril de 2013




PERSEGUIÇÃO VELADA


“Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos” (2Cor 4. 8,9).

Após a morte de Jesus os discípulos se atemorizaram, se esconderam e temeram serem, também, capturados e mortos. Após o terceiro dia Jesus ressuscitou e apareceu, primeiro, às mulheres, que foram visitar o túmulo, e posteriormente, aos discípulos que se achavam confinados, por estarem atemorizados.
Jesus ceia com eles e os ordena que permanecessem em Jerusalém (Lc24.49) até  que, do alto, fossem revestidos de poder.
A presença de Deus entre nós não terminou com a ascensão de Jesus. Ao contrário, o próprio Jesus prometeu aos seus discípulos que não os deixaria sós, mas que lhes enviaria outro Consolador (João 14.16-26). E no princípio do livro de Atos, imediatamente antes da ascensão, Jesus lhes disse que receberiam o poder do Espírito Santo, e que em virtude disso seriam testemunhas “até aos confins da terra” (Atos 1.8). A vinda do Espírito Santo, no dia de Pentecoste marca o começo da vida da igreja. Começa, então, a história de um povo marcado pela perseguição e pela cruz.
A primeira perseguição acontece logo depois à pregação de Pedro, onde mais de três mil homens se convertem. Pedro e João são presos e levados ao Sinédrio e depois de interrogados são ameaçados e soltos.
Outras prisões vieram logo a seguir, e já deliberavam matar a Pedro, que depois de açoitado mais uma vez é solto.
O primeiro cristão martirizado, de que se tem notícia na Bíblia, foi o jovem Estevão, que possuía grande sabedoria ao falar pelo poder do Espírito Santo.
A perseguição, então, alcança os leigos e a igreja se dispersa, mas os que andavam dispersos iam por toda parte anunciando a palavra.
A pregação do evangelho crescia a cada dia e o número de cristãos aumentava sobremaneira. Paulo respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos, desce para Damasco afim de que, se encontrasse alguns daquela “seita”( pois até então o cristianismo era considerado uma seita), quer homens, quer mulheres, os conduziria presos a Jerusalém.
Entretanto, a caminho de Damasco, Paulo tem um encontro com Cristo e sua vida é mudada, de perseguidor passa a perseguido. Paulo torna-se o apóstolo dos gentios, e sofre duras perseguições.
Em Antioquia, pela primeira vez, os seguidores de Cristo são chamados cristãos.
A história da Igreja é marcada por perseguições, é marcada pelo sangue daqueles que em nome de Cristo foram mortos. Homens e mulheres, milhares deles têm sido perseguidos, única e exclusivamente, por se dizerem crentes em Jesus, por professarem sua fé em Cristo.
Jesus disse no sermão do monte que, “Bem aventurados sois vós quando vos injuriarem, e perseguirem, e mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós” (Mateus 5. 11,12).
Isso não tem sido diferente nos nossos dias, muitos têm sofrido perseguições por amor a Cristo. Em muitos países a perseguição contra os cristãos tem crescido assustadoramente.
O que não nos damos conta é que existe uma perseguição velada da qual ninguém fala. Vivemos o tempo das “fobias”, esse é o termo do momento. E se disséssemos que existe uma “cristianismofobia”, não estaríamos mentindo. Desde os tempos mais remotos, lá no Antigo Testamento, os povos pagãos já tinham medo da nação de Israel. Após o nascimento de Jesus, Herodes temendo perder o trono, mandou matar todas as crianças menores de três anos. Os fariseus perseguiram e mataram Jesus, por temerem sua doutrina. Após a morte de Jesus milhares foram perseguidos e mortos. Ainda hoje, muitos são mortos e nós somos perseguidos, por professarmos nossa fé em Jesus. No país em que vivemos somos perseguidos, ainda que, possuindo direitos constitucionais de liberdade de expressão, de liberdade religiosa e de culto. Assim como o Sinédrio proibia os discípulos de falarem de Jesus e de sua doutrina, hoje querem nos proibir de falarmos desse mesmo Jesus e daquilo que ele nos ensinou. Podemos perceber que nada mudou.
Somos tolhidos em nossa liberdade e perseguidos numa artimanha maquiavélica, que defende uma liberdade em detrimento de outra.
A questão é: por que se teme tanto a Jesus? Ou por que se teme tanto a pregação do cristianismo?
Esta é uma pergunta que a igreja nunca conseguiu responder, mas Jesus já havia nos prevenido que tal fato ocorreria, e que seríamos bem aventurados por sofrer perseguições.
Precisamos estar preparados, porque a Bíblia diz que nos últimos dias as perseguições seriam muitíssimas. Já temos vivido essa perseguição, ainda que no Brasil e em alguns países ela aconteça de forma velada, mas ela é real. Querem nos calar, querem nos difamar, falam calúnias a nosso respeito, mas exultemos e nos alegremos, pois assim, também, fizeram aos grandes homens de Deus que vieram antes de nós, e também ao próprio Deus encarnado. Lembremos que não estamos órfãos, nem desamparados, o Espírito Santo, o Consolador, está conosco todos os dias, até a consumação dos séculos. 
 Ainda que perseguidos não desanimemos, mas prossigamos em direção ao alvo que é Cristo. Deus em tempo oportuno nos exaltará, pois um dia todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus é o Senhor.
Minha oração é para que o Senhor nos fortaleça na missão para qual Ele mesmo nos designou, “Ide e fazei discípulos de todas as nações”. Mantenhamos, pois firmes no nosso chamado, crendo que as portas do inferno jamais prevalecerão contra a Igreja de Cristo. E que Ele mesmo voltará para buscar sua noiva, limpa, pura e adornada.

“Bem aventurados aqueles que lavam as suas vestes no sangue do Cordeiro, para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas” (Apocalipse 22.14).
Deus nos abençoe!

domingo, 21 de abril de 2013




TRANSFORMADOS PARA TRANSFORMAR

                                      


                                           


A forma com que enxergamos o mundo reflete na forma em que vivemos no mundo. (Paulo Freire)
Fiquei por algum tempo refletindo sobre essa frase, como um boi que rumina a alfafa. Então, me dei conta da profundidade do seu significado.
A forma como enxergamos a realidade à nossa volta, a forma como enxergamos o ser humano, a forma como enxergamos a nós mesmos, enquanto cidadãos inseridos no mundo vão servir de base para a forma como vivemos e atuamos no mundo, quando digo mundo, entenda comunidade, igreja, família, escola, enfim, todos os lugares nos quais estamos presentes, ainda que por curto período.
Dessa maneira a forma de interpretar e decidir a vida deixará marcas na forma que vivemos e convivemos.
De certa forma, a falta de conhecimento de nós mesmos e da realidade à nossa volta, limita nosso raio de visão, pois só conseguimos enxergar além quando tomamos consciência da distância, a mais, que podemos percorrer enquanto homens e cidadãos. Se nossa visão é limitada, andaremos em círculos, ou iremos somente até onde nossa visão permite.
Existir humanamente é ler o mundo, e através da leitura que fazemos atuarmos no mundo para modificá-lo.
Somos um universo inesgotável de possibilidades, um projeto sempre aberto ao aperfeiçoamento, pois somos seres inacabados. E como seres inacabados, considerando a dinâmica da realidade em todas as suas dimensões, vivemos num eterno processo de aprendizado, e quanto mais aprendemos mais alargamos nosso campo de visão, pois as informações recebidas são transformadas em conhecimento e a medida que conhecemos passamos a enxergar  além daquilo que antes enxergávamos, e assim sucessivamente, já que estamos num eterno processo de acabamento.
 Na busca desse algo mais, de um motivo que estimule a razão de nossa existência, nos movemos em direção a algo. Isso é o querer.
Somos movidos pelo querer e desejar. O querer antecede toda a ação. A própria razão, reflexão, traz consigo o elemento desejante e esse é o fator decisório no processo da escolha. Escolhemos a partir da visão de mundo que possuímos. Essa questão influenciará diretamente na escolha do tipo de mundo desejado e do perfil de ser humano que se deseja construir para habitar nele.
A questão é: Que tipo de mundo desejamos? Que Tipo de ser humano desejamos construir para habitar nesse mundo desejado?
Desejamos um mundo melhor? Um mundo onde haja amor, onde as pessoas se respeitem, onde Deus seja o centro? Se esse é nosso desejo, que perfil de ser humano temos sido para que esse mundo seja transformado? O mundo só poderá ser transformado pela ação do ser humano que habita e atua nele.
Se o mundo tem se degenerado e tem sido corrompido, no sentido mais amplo da palavra, é porque temos construído um perfil de ser humano que tem provocado esse tipo de transformação nele. Quando transformamos a nós mesmos, transformamos o mundo, e quando transformamos o mundo nos transformamos. Uma coisa é o reflexo da outra.

Freire, também diz que “os seres humanos são educados entre si, mediados pelo mundo”. Essa é uma verdade incontestável. As informações que circulam entre os seres é um processo educacional permanente. A cultura, os valores, a educação é transmitida num processo constante no mundo. Estamos em todo tempo recebendo informações, que são passadas de um para o outro, essas informações são compartilhadas de “N” maneiras. Seja, no convívio pessoal, seja na família, na escola, no trabalho, na mídia, as formas de comunicação estão presentes nos mais diversos ambientes, e isso nos constrói como pessoas.
 
Portanto, que informações temos transmitido? Se desejamos transformar o mundo à nossa volta, precisamos ser os primeiros a ser transformados. É preciso alargar nosso campo de visão, é preciso buscar conhecimento transformador.
Conhecimento da palavra de Deus, conhecimento do verdadeiro significado de Reino, conhecimento de Deus. Conhecimento no mais amplo sentido da palavra.
O ser humano só se torna consciente da realidade para a qual foi criado em Deus. E se nos educamos mutuamente, só “educaremos” uns aos outros, nesse sentido, quando aquilo que ensinarmos, as informações que passarmos, trouxerem essa essência. O aprender vem pelo exemplo. Essa dinâmica consiste em um ato formador de consciência crítica da realidade em que vivemos, a partir do diálogo, da reflexão e da ação.
Sejamos, pois, esses agentes transformadores, que a partir da transformação, transforme.
Que Deus nos abençoe!
“Portanto não vos conformeis com esse mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente.” (Romanos 12.2)

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sexta-feira, 5 de abril de 2013

A ERA DA MASSA

Vivemos a era da massificação. E a igreja, enquanto instituição eclesiástica, também, tomou isso para si, infelizmente. A "cara" da igreja deixou de ser Cristo, e passou a ser os inúmeros "pop stars" travestidos de pastores e levitas. Que coisa triste! Onde está a identidade das comunidades? Tomamos a massa como exemplo e deixamos de viver cada um dentro do seu contexto e realidade. 
Nos enfiam garganta abaixo modelos massificados e aceitamos, copiamos e deixamos de criar o nosso próprio modelo, baseado e fundamentado em Cristo. Esquecemos que os dons são para todos, todos nós possuímos características e dons singulares. Precisamos parar de copiar o outro e assumirmos cada um de nós a posição de filho amado, único, singular. Deus não criou um bando de gente em série, mas fez cada um como ser único, capaz e útil.
Vivamos e façamos conforme as necessidades da comunidade na qual estamos inseridos e paremos, em Nome de jesus, de copiar a massa, pois isso é mais fiel à palavra, é tratar as pessoas com respeito e dignidade, respeitando a realidade de cada grupo.
Sou a favor da originalidade, a imitação é caricata e cômica. O mais interessante é o original. Fica todo mundo copiando a receita de bolo do outro. Crie seu próprio bolo!
Não é pecado e nem errado termos referenciais, o problema é querer ser a cópia do referencial, isso é não ter essência.  
Todo mundo quer ser fulano, cantar igual sicrano, vestir igual beltrano. Crucificam os católicos pela idolatria mas, cria-se uma idolatria evangélica gospel demoníaca. Exaltam ídolos como semi-deuses, e imponhem às comunidades esse modelo das mega igrejas, estruturadas em grandes ministérios, que arrastam as multidões, que seguem a massa sem que haja, pelo menos, uma visão crítica a partir de si mesmo, daquilo do que realmente se gosta, e daquilo que é o melhor para mim e para o grupo no qual estou inserido.
É preciso olhar para  a realidade da comunidade onde estamos inseridos, e buscar o que melhor se adequa em cada contexto. Buscar a identidade dentro de cada grupo, pois sempre existem carências diferentes. 
Dar oportunidade para o novo sempre é algo bom, por isso o apóstolo Paulo orientou-nos para que renovassémos nossa mente.  
Busquemos andar em novidade de vida com Cristo. Deus é criativo, olhemos para o universo!
O que vem pronto parece sempre melhor, porque temos preguiça de criar. E dessa forma acabamos consumindo até mesmo o que não queremos, ou aceitando o aquilo que não se encaixa, apenas por comodidade, ou por seguir a multidão. Agimos por impulso. A banda passa e a gente vai atrás.
É preciso repensar nossas atitudes com relação a essas verdades. E assumirmos posturas mais autênticas, que tragam um perfume próprio e não a fragância  que contaminou a todos porque foi derramada em altas doses. 
Que Deus possa trazer dissernimento aos nossos corações e possa abrir nossos olhos com relação a essas coisas, nos dando uma visão mais crítica da realidade, para deixarmos de ser como crianças que são atraídas pelas guloseimas.

Deus nos abençoe!