segunda-feira, 3 de novembro de 2014

O JUGO DE JESUS

"Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.
Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve". Masteus 11:29-30

Esta fala de Jesus a respeito do jugo acontece no contexto das escolas rabínicas de sua época. Naquele tempo se dizia que cada rabino tinha seu próprio jugo. Os rabinos viviam de discutir a lei, interpretá-la e oferecer recomendações práticas de como guardá-la.  Essas recomendações eram chamadas de “o jugo do rabino”.  Sendo assim, as pessoas que seguiam determinado rabino eram conhecidas como aquelas que se colocaram debaixo do jugo do rabino. Cada escola rabínica tinha seu jugo e seus seguidores. Então vem Jesus e diz: “Tomem sobre vocês o meu jugo”, Jesus estava dizendo que, os rabinos tinham as suas interpretações da lei, mas, agora, ele trazia a sua interpretação da lei. Os rabinos ofereciam uma interpretação das leis de Moisés e Jesus também oferecia uma interpretação das leis de Moisés. Jesus com isto estava convidando as pessoas a saírem dos jugos dos outros rabinos e virem para o seu jugo. Nas páginas dos evangelhos há um conflito sério entre o jugo de Jesus e o jugo dos fariseus. Jesus diz que o jugo dele é suave e o fardo é leve, e critica os fariseus ao dizer que eles atam pesos exagerados sobre os seus seguidores, mas eles mesmos não fazem nada para levantar os pesos que impõe sobre os outros.
Jesus não foi reconhecido como um rabino oficial, ele não foi doutrinado em uma escola rabínica, ele aprendeu o ofício de seu pai carpinteiro, no entanto, quando Jesus convoca os homens para segui-lo ele está chamando-os para que venham para o seu jugo para que ele possa ensiná-los a lei de Moisés. Jesus, então, passa a traduzir a lei de Moisés para seus discípulos.
As pessoas começam a perceber que ele faz coisas que os outros rabinos não fazem, percebem que ele faz coisas que nenhum outro rabino autorizaria a fazer. Ele come sem lavar as mãos, ele trabalha no sábado, ele cura no sábado, ele conversa com mulheres, ele se dá com estrangeiros, ele come com pecadores, ele se deixa tocar por mulheres de reputação duvidosa, ele toca leprosos, ele cura os doentes, Jesus é chamado de comilão e beberrão.
Parece-nos, então, que realmente, esse jugo é suave e leve. No entanto, observamos que numa leitura superficial o jugo de Jesus é muito mais pesado do que o jugo dos fariseus, porque Jesus diz assim: “ouvistes o que foi dito, não matarás, contudo eu digo que se você odiar você já matou”. Jesus dizia que amar do modo como o Pai ama, é amar indistintamente. Não adianta dar o dízimo das hortaliças, da hortelã e do cominho, mas não praticar a justiça e a misericórdia.
Nesse caso, o jugo dos rabinos parece mais fácil de ser seguido, pois basta apenas cumprir a lei pura e simples. Não matarás, não roubarás etc. O jugo dos rabinos se baseava apenas em atitudes exteriores; a questão do jugo de Jesus se baseia na interioridade, na subjetividade, nas motivações mais profundas do ser, e que o pecado é algo que habita as entranhas da alma e não apenas na ponta dos meus dedos. A primeira vista o comportamento de  Jesus tocando leprosos e sendo tocados por mulheres de reputação duvidosa, poderia parecer bem liberal, pois ele fazia coisas que os outros rabinos não faziam, no entanto, ao ouvir o que Jesus falava soava bem conservador, e mostrava que o jugo dele era muito mais pesado que o dos fariseus.
As atitudes de Jesus e sua fala parecem contraditórias. Como entender isso?
Jesus estava mostrando que o seu horizonte de possibilidades era maior que o horizonte de possibilidades dos fariseus, mas quando ele resignifica a lei ele não nos coloca diante de um horizonte de possibilidades, mas sim diante de um horizonte de impossibilidades. O projeto dos fariseus é um projeto de exterioridade, o projeto de Jesus é um projeto de interioridade, por isso Jesus compara os rabinos e fariseus de seu tempo a “sepulcros caiados”, de fora próximos da perfeição, mas quem os enxerga por dentro conhece sua podridão.
O projeto dos fariseus é um projeto de conformação a dogmas, a ritos e a códigos comportamentais e morais, mas Jesus não se prende ao ritualismo dos fariseus, nem pelo dogmatismo, nem pelo legalismo e moralismo farisaico, ele nos chama para uma relação muito mais profunda.
O ritualismo, o legalismo e o moralismo dos fariseus enxergam as pessoas que não se encaixam em seus moldes de exterioridade como impuras. Para Jesus impuro não é o que entra, mas o que sai, pois aquilo que sai procede do coração.
Fazer discípulos de Jesus não é doutriná-los numa confissão de fé, não é exigir deles comportamento morais, nem é submetê-los a rituais e celebrações religiosas, pois isso se chama religião. Ser discípulo de Jesus é algo muito diferente destas coisas. Aprender de Jesus que é manso e humilde de coração é fundamental, porque sem Jesus não podemos fazer nada. A questão de Jesus não é saber que tipo de comportamento eu tenho, nem que tipo de compreensão doutrinária eu possuo, que tipo de interpretação da lei eu faço, porque geralmente nos colocamos debaixo do jugo do rabino que nos parece mais conveniente. Jesus está nos perguntando é, que tipo de seres humanos somos, o que habita dentro de nós, qual é a inclinação da nossa alma.
O nosso prazer é na lei do Senhor e nela meditamos dia e noite, ou fazemos algo porque somos obrigados a fazer, nos sentindo escravos dentro da casa do próprio pai?
Parece contraditório, Jesus elogia os anti-heróis. Jesus não está preocupado com o que fazemos ou deixamos de fazer, ele está preocupado com a nossa autopercepção de quem somos diante da santidade de Deus.
Qual tem sido nosso padrão de santidade? A igreja do lado,  o apóstolo da igreja vizinha? O padrão de santidade do publicano, descrito na parábola que Jesus contou, é Deus. Ele não está preocupado em medir-se com o fariseu para sentir-se menos, porque ele sabe que é menos ainda diante da santidade de Deus.  E é isso que Jesus está sugerindo para nós. O jugo de Jesus e o fardo de Jesus só podem ser carregados pelas pessoas que aprendem com ele a serem mansas e humildes. Somente pessoas que se rendem ao Espírito de Deus, se esvaziam de sua prepotência, de sua autossuficiência, que reconhecem a absoluta impossibilidade de sua disciplina, de sua determinação, de sua força de vontade, e reconhecem a absoluta carência de recursos de viver a luz da vontade de Deus, somente essas pessoas é que se esvaziam para que sejam tomadas pelo Espírito de Deus, para que façam a vontade de Deus não como quem obedece a um código moral, mas como quem foi transformado de dentro para fora e adquiriu outra perspectiva de existência e está sob uma outra ação de influência. Por isso a questão não é não mentir, a questão é não ser mentiroso; a questão não é dar dízimo, a questão é ser generoso, a questão não é não gritar, a questão é ser paciente; a questão é ser benigno, longânime, ter domínio próprio. A lei de Deus grita bem alto na nossa cara que a gente não consegue. Não conseguimos vencer nem os nossos desejos mais simples, quanto mais cumprir a lei e sermos santos como nosso Pai Celestial é santo. E dizemos que conseguimos, que podemos? Jesus sabe que jamais conseguiremos, pois somos prepotentes e arrogantes, que antes do galo cantar pela manhã já o teremos negado. E após isso acontecer, bateremos no peito e diremos: “Tem misericórdia de mim que sou pecador”. E então, estaremos mansos e humildes para aprender dele que é manso e humilde, e assim nos tornamos os homens que Deus quer que sejamos.
Enquanto acharmos que ensinar pessoas é ensinar apostilas de doze passos, e apresentar para elas uma lista de códigos e doutrinas, uma lista de ritos morais, enquanto confundirmos crentes assíduos no auditório com discípulos de Jesus, não teremos entendido o que Jesus falou.
A questão é o mergulho do Espírito Santo para dentro de nós. Achamos que pescar homens é ir ao mundo, à escola, à família espírita vizinha, à outra igreja, e fazer com que venham para a nossa igreja. Pescar homens é promover a autoridade de Jesus na vida das pessoas, para que Jesus promova a libertação.Pescar homens é fazer surgir do interior a imagem e semelhança de Deus reveladas em termos absolutos no Cristo ressurreto. E para fazer surgir lá de dentro essa imagem de Deus revelada no Cristo ressurreto, somente na autoridade do Cristo ressurreto, no poder do Cristo ressurreto, sob a ação do Espírito Santo derramado sobre toda a carne. Essa é a diferença entre fazer discípulos para nós e fazer discípulos para Jesus. Nós conseguimos fazer discípulos para a nossa “religiãozinha”, mas para Jesus só o Espírito Santo de Deus faz.
Então compreenderemos o que o apóstolo Paulo disse: “Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, e foram chamados segundo o seu propósito”.  O propósito de Deus é transformar todos os homens a imagem e semelhança do seu filho Jesus, para que ele, Jesus, seja o primogênito de todos os irmãos. O bem desejado por Deus para você e para mim, é que sejamos transformados à imagem do seu filho, é forjar a imagem do Cristo ressurreto em nós. Por isso o apostolo Paulo diz que contemplando a Cristo, somos transformados de glória em glória pelo Espírito Santo de Deus segundo a imagem que contemplamos. É preciso que Cristo seja formado em nós., e que cheguemos à plenitude da maturidade de Cristo.
Portanto, onde estão as pessoas que Deus constituiu você mestre. Onde estão os discípulos que Deus tem colocado na sua vida? Eles têm se tornado parecidos com Cristo ou com você próprio? Eles têm seguido a Cristo ou ao seu conjunto de regras, doutrinas e princípios?
Acredito que estas serão algumas das perguntas que Deus nos fará quando estivermos diante dele e tivermos que prestar conta de nossos atos.
Que Deus nos abençoe!



segunda-feira, 27 de outubro de 2014

                       

POBRE MUNDO VAZIO


                           


"O termo mal abrange tudo que é negativo e inclui tanto a alienação quanto a destruição.
As possibilidades de desintegração sempre estão presentes no ser humano, como ser plenamente centrado sob o controle da hybris e da concupiscência o eu pode aproximar-se do estado de desintegração. A tentativa do eu finito de ser o centro de tudo, faz com que ele deixe de ser o centro de qualquer coisa. O ser humano, então, é arrastado para todas as direções sem qualquer meta e conteúdos definidos.  A perda do eu, marca básica do mal, é a perda do próprio centro. O ser humano perde o poder de relacionar-se consigo mesmo e consequentemente com o mundo a sua volta, perde a si mesmo e perde o seu mundo.
A inquietude, o vazio, e a falta de sentido, empurra o ser humano para a escolha de seus objetos, pessoas, coisas que são completamente contingentes para ele, portanto podem ser substituídos por outros. Não existindo relação essencial entre um agente livre e seus objetos, nenhuma escolha é preferível à outra e o destino se dorna uma necessidade mecânica. Reduzir o ser humano a um sistema de formas lógicas, morais e estéticas, o limita apenas à sujeição da lei e retira de si a criatividade.
Quanto mais individualizado for um ser, tanto quanto maior será sua capacidade de participar. Sendo assim, num estado de alienação o ser humano se fecha em si mesmo e suprime toda essa participação. Ele cai sob o domínio dos objetos, convertendo-os em objetos desprovidos de um eu". (Paul Tillic)”
Este é o mundo alienado em que vivemos! Onde os objetos sobrepõem à criatividade. Onde a barriga fala mais alto que cérebro. Onde o ser humano torna-se o centro de si mesmo, e acaba por perder seu mundo que se transforma apenas no que é palpável. Onde as coisas finitas passam a ter maior importância que as coisas para além, como a essência.
Pobre mundo vazio, que vive sua inquietude e falta de sentido, debruçado sobre as ofertas que melhor lhe convêm, e converte sua liberdade numa questão de contingência e necessidade mecânica, transformando seu mundo na necessidade momentânea em si, procurando prolongar o reduzido lapso de tempo que nos é concedido, preenchendo-o com tantas coisas transitórias quanto possíveis, opondo-se à ameaça última de sua finitude, onde a existência será sobreposta pela essência.
Pobre mundo vazio que se enrola no que é momentâneo, por não conseguir ver o que é eterno.


quarta-feira, 22 de outubro de 2014

REFORMAR É NECESSÁRIO

Em 31 de outubro de 1517, um jovem padre, Martinho Lutero, pregou as Noventa e Cinco Teses na porta do Castelo de Wittenberg. Aquele foi um ato de protesto de alguém que sonhava por reforma, por mudança. Passados cinco séculos, ainda sonhamos com mudanças, em vários setores da sociedade. Lutero é para mim um exemplo de que É POSSÍVEL, e que nós cristãos não devemos, nem podemos nos acovardar frente aos desmandos e as bizarrices que se criam em todos os ramos da sociedade. Levando-se em conta o período em que vivemos, período eleitoral, penso que Lutero deveria ser para nós cristãos, principalmente nós cristãos reformados, fonte de inspiração. Não podemos aceitar e nos calar frente a tudo de podre que vem acontecendo na política desse país. Nunca se ouviu, nem se viu falar de tanta insensatez, baixaria, corrupção e tantas outras mazelas como no atual governo brasileiro. Lutero não tinha noção da proporção da mudança que seu protesto iria provocar, mas ainda assim ele não se acovardou. Ele gritou aos quatro cantos o escândalo da igreja. Hoje precisamos gritar sobre tantos escândalos, e nesse momento específico sobre o escândalo que se tornou a política brasileira. Desejo mudança. E agradeço a Deus, porque creio que ainda existam homens como Lutero, que não têm se calado, nem se acovardado frente às atrocidades cometidas por aqueles que estão no poder. 


quinta-feira, 16 de outubro de 2014

NÃO AO TOTALITARISMO

Quando o governo é honesto, o país tem segurança; mas, quando o governo cobra impostos demais, a nação acaba em desgraça! O homem que bajula seu próximo está apenas construindo uma armadilha para si mesmo”. (Provérbios 29:4 e 5)
Nesse tempo de eleições no Brasil, eu não poderia deixar de refletir e manifestar minha opinião sobre as muitas formas de governo que fizeram e fazem parte da história da humanidade. Aqueles que foram bem sucedidos, aqueles que marcaram a história, sobretudo sobre aqueles que marcaram a história de uma maneira catastrófica, deixando cicatrizes que perduram por gerações.
Gostaria de citar três líderes e suas formas de governar: Vladimir Lênin, Stalin e Hitler.
Lênin foi um revolucionário e chefe de Estado russo, responsável em grande parte pela execução da Revoluçaõ Russa de 1917, líder do Partido Comunista, e primeiro presidente do Conselho dos Comissários do POvo da União Soviética. Influenciou teoricamente os partidos comunistas de todo o mundo, e suas contribuições resultaram na criação de uma corrente teórica denominada leninismo. Lênin declarou em 1920 que "o comunismo é o poder soviético além da eletrificação de todo o país" na modernização da Rússia em um país do século 20. Assumiu o poder depois de expulsar a elite e os czares que reinaram na Rússia por séculos. Centralizou o poder, criou a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) em 1922. Expulsou todos aqueles que não faziam parte de sua linha política.
Para manter os exércitos alimentados, e para evitar o colapso econômico, o governo bolchevique estabeleceu o comunismo de guerra, através do programa político prodrazvyorstka, obrigou camponeses a entregar os excedentes de produtos agrícolas por um baixo preço fixado. O limite de um determinado produto para as necessidades pessoais ou doméstico foi pré-determinada pelo estado. 
O Stalinismo começa com a  morte de Lênin, Jossif Stálin expulsou e mandou matar os adversários do seu partido assumindo o poder no lugar de Lênin, Stalin estabeleceu uma linha mais dura  e um controle do estado ainda maior que seu antecessor, mas em 1928 e 1937 instituiu o primeiro passo para uma maior expansão econômica russa os planos. Quinquenais foram organizados de tal modo que ao final a URSS era uma sociedade altamente industrializada capaz de rivalizar com os E.U.A. Stalin  também aplicou uma política de “coletivização” onde as terras pertenciam aos Kulaks esses que eram grandes fazendeiros foram obrigados a doar suas propriedades a cooperativas.

Stalin assumiu o comando do país com poderes ditatoriais. Expulsou do partido e do exército todos os seus possíveis inimigos ou rivais. Milhões foram presos, executados ou deportados para campos de trabalho na Sibéria. Estima-se que mais de seis milhões de pessoas foram mortas. Entre 1937 e 1938, foram presos cerca de um milhão e meio de "inimigos do povo". Foram realizadas 681.692 execusões em seu governo.
Dentro do Partido, um grupo liderado por Bukharin, Rikov e Tomski se opôs à repressão aos kulaks, defendendo um processo gradual e pacífico de coletivização da terra. Stálin avaliava que o grupo pretendia na verdade restaurar o capitalismo e agia como agentes dos camponeses ricos e promoveu “o esmagamento dos capitulacionistas”.
Apenas com a morte de Stalin que esse terror chegou ao fim.
Já Adolf Hitler, que se dizia de extrema direita, ditador alemão, nasceu em 1889 na Austria. Filho de Alois Hitler e Klara Poezl,  alistou-se voluntariamente no exército bávaro no começo da Primeira Guerra Mundial. Tornou-se cabo e ganhou duas vezes a Cruz de Ferro por bravura.
Depois da desmobilização do exército, Hitler associou-se a um pequeno grupo nacionalista, o Partido dos Trabalhadores Alemães, que mais tarde se tornou o Partido Nacional-Socialista Alemão (nazista).
Em 1921, tornou-se líder dos nazistas e, dois anos mais tarde, organizou uma malograda insurreição, o "putsch" de Munique. Durante os meses que passou na prisão com Rudolph Hess, Hitler ditou o "Mein Kampf" (Minha Luta), um manifesto político no qual detalhou a necessidade alemã de se rearmar, empenhar-se na autossuficiência econômica, suprimir o sindicalismo e o comunismo, e exterminar a minoria judaica.
Em 1929, ganhou um grande fluxo de adeptos, de forma que, ajudado pela violência contra inimigos políticos, seu partido floresceu. Após o fracasso de sucessivos chanceleres, o presidente Hindenburg indicou Hitler como chefe do governo (1933).
Hitler criou uma ditadura uni partidária e no ano seguinte eliminou seus rivais na "noite das facas longas". Com a morte de Hindenburg, ele assumiu o título de presidente do Reich Alemão. Começou então o rearmamento, ferindo o Tratado de Versalhes, reocupou a Renânia em 1936 e deu os primeiros passos para sua pretendida expansão do Terceiro Reich: a anexação com a Áustria em 1938 e a tomada da antiga Tchecoslováquia.
O ditador firmou o pacto de não agressão nazo-soviético com Stalin, a fim de invadir a Polônia, mas quebrou-o ao atacar a Rússia em 1941. A invasão à Polônia precipitou a Segunda Guerra Mundial.
Conhecido como um dos piores massacres da história da humanidade, o holocausto, termo utilizado para descrever a tentativa de extermínio dos judeus na Europa nazista, teve seu fim anunciadas no dia 27 de janeiro de 1945, quando as tropas soviéticas, aliadas ao Reino Unido, Estados Unidos e França, na Segunda Guerra Mundial, invadiram o campo de concentração e extermínio de Auschwitz-Birkenau, em Oswiecim (sul da Polônia). No local, o mais conhecido campo de concentração mantido pela Alemanha nazista, entre 1,1 e 1,5 milhão de pessoas, em sua maioria judia, morreram nas câmaras de gás, de fome ou por doenças.
Após a Segunda Guerra Mundial, o marxismo, de Karl Marx, teve um crescimento considerável, principalmente em países do terceiro mundo, onde se constituiu como ponto de referência para os movimentos de libertação nacional. Este crescimento foi acompanhado de desenvolvimentos e divisões: a crítica ao Stalinismo na antiga URSS e suas práticas nos países ocidentais, a ruptura entre URSS e a China, a análise do imperialismo por militantes políticos, como Ho Chi Minh, no Vietnã, Fidel Castro em Cuba,  etc.
Percebemos que, o socialismo e o comunismo, apesar de trazerem um discurso igualitário, oprimem e mantêm seus governados reféns de sua forma despótica de governar.
A queda do muro de Berlim em outubro de 1990, que dividia a Alemanha em Oriental e Ocidental, foi o marco que o século passado precisava para por fim aos governos ditadores.  O ato simbólico representou também o fim da Guerra Fria e o primeiro passo no processo de reintegração da Alemanha.
Não podemos permitir que o Brasil se torne em uma forma de governo totalitário, que é todo e qualquer tipo de governo onde um único indivíduo ou partido passa a controlar as diversas instâncias do Estado. Ao mesmo tempo, esse tipo de regime define um tipo de relação onde o governo tem grande poder de intervenção na vida de seus cidadãos.
Para compreendermos melhor de que forma o totalitarismo funciona, podemos pontuar algumas das formas onde esse tipo de governo manifesta sua presença. No campo político, o totalitarismo não aceita a existência de múltiplas orientações político-partidárias. Segundo o pensamento totalitário, a existência desse tipo de organização política incita um contexto de divisão prejudicial aos interesses da nação. Por isso, os regimes totalitários preferem reconhecer a presença de um único partido.
Na economia, o Estado totalitário empreende uma série de intervenções que colocam o mesmo como líder máximo e direto do progresso material da nação. De forma geral, as empresas estatais têm grande presença econômica e atuam essencialmente em setores da indústria de base e tecnológica. O desenvolvimento dessas duas áreas seria de grande importância para que os demais setores da economia pudessem prosperar economicamente.
Os instrumentos de repressão são colocados à disposição do Estado para que seus interesses sejam imediatamente atendidos. Justificando sua ação em nome da unidade e dos interesses nacionais, o Estado totalitário encerra as liberdades civis. As forças de controle policial utilizam de violência, perseguição política, prisão sumária, tortura física e psicológica para dissolver qualquer tipo de manifestação que ponha em risco a hegemonia do regime.
Além de utilizar da força, intervir na economia e assumir todos os papéis do Estado, o totalitarismo também conta com uma visão ideológica bastante específica. Buscando o elogio a períodos históricos “gloriosos” ou a fundamental ação de alguns “heróis nacionais” o regime totalitário preocupa-se em incutir a ideia de que sua ação política visa retomar um tempo de glórias e conquistas. Para legitimar tal visão entre os cidadãos, é costume controlar os meios de comunicação para propagandear suas ideias.


Os exemplos mais comuns desse tipo de governo foram vivenciados na Europa do pós-guerra, quando Alemanha e Itália foram controladas pelos governos nazista e fascista, respectivamente. Na União Soviética, esse mesmo tipo de regime também pode ser observado no período em que Joseph Stálin tomou conta do país, entre os anos de 1922 e 1953.
Apesar de poder ser observado por meio de características comuns, o totalitarismo também deve ser compreendido dentro das especificidades construídas em cada um dos países onde aconteceu. Além disso, a construção do totalitarismo não depende da derrubada completa de regimes de natureza democrática. Muitos regimes da atualidade mesclam dentro de suas democracias alguns elementos típicos de um governo totalitário.
É isso que queremos para o Brasil? Fica bem claro, em todo discurso do atual governo, que essa é a forma de governo que o mesmo pretende implantar no Brasil. Governos já implantados em Cuba, Venezuela, Bolívia, grandes parceiros do atual governo.  

O povo brasileiro que tanto lutou contra a ditadura militar, onde muitos foram mortos e torturados, não pode permitir mais essa mancha na política brasileira. Isso é uma afronta à memória daqueles que lutaram pela democracia. Isso seria levar à banca rota o Brasil, sua política econômica e social. Seria retroceder ao século passado, um século marcado pelo nazismo, pelo fascismo, pelos governos totalitários, que levaram o mundo às duas grandes guerras mundiais. 
Não! Não podemos permitir que isso venha acontecer em nosso país.
Enquanto teóloga, e acima de tudo enquanto cidadã, não posso me calar diante desse disparate. Jesus, meu exemplo, lutou contra toda forma de opressão, contra toda forma totalitária de governo. Ele foi às últimas consequências e por isso morreu numa cruz. Ele esteve do lado dos oprimidos, mas manteve sempre um discurso democrático, nunca usou a prerrogativa de ser Deus para coagir as pessoas, nem para lhes fazer temer, muito pelo contrário, ele as acolheu. Ele trouxe para o centro os perseguidos, os que estavam às margens, e tudo isso com seu discurso democrático. Ele não impunha suas ideias, mas argumentava e ensinava.
Isso é democracia! Exemplo que nós precisamos e devemos seguir.
Pense bem antes de votar, você pode ser o instrumento que agirá contra si próprio.
Que Deus nos abençoe!


sexta-feira, 22 de agosto de 2014



AQUELE QUE CRIA, SUSTENTA E SALVA




“No Princípio, criou Deus os céus e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.” (Gn. 1. 1-2)
É interessante observarmos que a narrativa do Genêsis já está matizada pela presença do caos e Deus é quem sustenta tudo isso. (Is 45.12) Porém essa ideia de um caos criado praticamente não é concebível, pois o que foi criado não é caótico. O caos constitui uma ameaça em si para a criação, Deus, então ergueu o mundo, tirando-o do que era informe, e o sustenta continuamente por cima do seu próprio abismo.
O próprio Deus é quem cria o mundo e o salva das trevas, sendo assim a própria criação torna-se um evento salvífico. (Is 44.24)
A criação é uma ação histórica de Deus como uma obra dentro do curso do tempo, ela inaugura o elemento frontal da história, pois se situa, de fato, como a primeira ação de Deus num começo longínquo, portanto ela não permanece isolada, pois outras ações seguirão. A criação representa um elemento central no fundamento absoluto da fé. (Jó 38)
Os capítulos iniciais de Gênesis enfaticamente pretendem mostrar a história da criação como um evento pré-histórico preparador da obra salvadora de Deus em Israel. O escritor de Gênesis, em momento algum, teve a intenção de fazer uma descrição histórico-científica do processo da criação. A narrativa de Gênesis desemboca na criação do ser humano como homem e mulher, e o mundo restante está unicamente orientado para o ser humano como a obra mais sublime da criação. O ser humano, portanto, é o centro em torno do qual Deus vai construindo toda a sua atuação. Toda a criação descrita em etapas se movimenta em direção a criação do ser humano.
O mundo e tudo o que ele contém possuem unidade e coesão interna, não por um princípio cosmológico original, mas pela vontade criadora e absolutamente pessoal de Deus. O mundo foi chamado à existência pela vontade livre de Deus, portanto ele é de sua irrestrita propriedade, sendo Ele o seu Senhor. É no ser humano, o degrau mais alto na pirâmide da criação, e sua relação imediata com Deus, que todo o mundo, cuja disposição afinal está em função do ser humano, mantém uma relação com Deus.
O ser humano foi colocado no mundo como símbolo da própria soberania de Deus, a fim de conservar e impor a reivindicação de domínio de Deus. Além de vir de Deus, a criação é dotada, através da qualidade de o ser humano ser a imagem de Deus, de uma atribuição especial que a orienta em direção a Deus. Deus conferiu ao ser humano o poder de transmitir essa sua mais alta dignidade por intermédio da procriação das gerações.
Deus completou sua obra criadora e assiste essa criação com o cuidado de manutenção e salvação que vêm de si mesmo.
Em pleno século XXI olhamos à nossa volta e parece estarmos rodeados pelo caos. O ser humano, aquele que foi criado para dominar sobre todas as coisas e através do qual o mundo se relaciona com Deus, encontra-se num processo de alienação desesperadora. Mas onde está Deus nisso tudo? Esqueceu-se Deus do mundo e o abandonou à sua própria sorte? Evidentemente  não.
Deus usa dos desígnios do coração humano para escrever a história. Ele é o Senhor da história e só por Ele tudo se mantém. Deus sustenta todas as coisas, pela força do seu poder, por cima do seu próprio abismo.
O Cordeiro é imolado antes mesmo da fundação do mundo. “E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra; esses cujos nomes estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” (Ap. 13.18). Deus já havia traçado o plano de salvação para o mundo, e desde o princípio segue conduzindo a história. Ele lançou mão de três povos para construir a história da redenção. Chamou o povo judeu: “Sai de tua terra, da tua parentela...” (Gn 12.1); a esse povo ele deu a lei, falou, fez promessas. Esse povo guardou a promessa e possuía os instrumentos necessários para reconhecer o Messias que abençoaria todos os povos. Através da cultura grega uma língua única pôde ser falada entre muitos povos, isso fez com que o evangelho se expandisse e fosse pregado aos gentios. Os romanos eram bons em direito, estabelecem a paz (pax) e propiciaram o deslocamento de um lugar para o outro, construíram estradas, e de maneira segura possibilitaram que os discípulos e o próprio apóstolo Paulo viajassem de um lugar para outro pregando o evangelho.
No momento certo, quando todas as coisas estavam como deveriam estar o Kairós de Deus se manifesta e o Cordeiro vem ao mundo para salvá-lo. Deus conduziu a história nos mínimos detalhes, chamou um povo para que o reconhecesse, usou outros dois na história desse povo para que o evangelho fosse pregado. Deus não conduz a história? Olhamos para ela e enxergamos o caos, mas o próprio Deus cria o mundo, o sustenta e o salva.


Que Deus nos abençoe!

segunda-feira, 4 de agosto de 2014


SANGUE DE LEOA



E a mãe leoa sai à caça, para alimentar a si mesma e a cria. Os dois filhotes, agora vulneráveis, se escondem no emaranhado de folhas e capim. A manada de búfalos se aproxima e percebendo a presença indefesa e acuada dos filhotes investe, com toda sua fúria, contra eles.
No romper da manhã retorna mamãe leoa, e logo percebe que algo está errado. Procura a cria, revira as folhas e ela não estão mais lá. Um rugido de dor ecoa na savana e mamãe leoa sai à procura dos filhotes. Depois de algum tempo ouve-se um ligeiro miado e, então ela vê uma das crias no descampado. Aproxima-se, lambe a cria e num gesto de carinho a acolhe com suas patas. A manada de búfalos se aproxima e mamãe leoa, agora presente, defende sua cria e com rugidos e ataques espanta a manada. Pega a leoazinha pelos dentes, a arrasta, depois a solta e agora percebe a desgraça; a pequena leoa teve sua coluna esmagada e não pode andar, se arrasta. Mamãe leoa para por um momento, ruge, lambe a cria e ruge novamente. Como se procurasse por uma resposta, para diante do rio e por alguns minutos queda-se pensativa. Mas precisa se afastar; dando um rugido de desespero e tristeza ela se afasta, pois percebe que a pequena leoazinha não iria sobreviver e não há nada que ela possa fazer.
Para manter-se viva a leoa se afasta e um rugido de dor e desespero se ecoa, novamente, na savana. Como caçadora que é e com seu olhar de felino vê a manada de búfalos; como se sentisse o cheiro do sangue da cria exalando da pelagem dos búfalos, parte contra eles. Destemida agarra o pescoço do imenso mamífero. A manada se defende, e investe contra a leoa solitária. Ela precisa se retirar.
Após caminhar, mais uma vez, ela avista a manada de búfalos e um cerco de leoas ao redor. Destemida como é, avança contra a manada, e como se não tivesse nada a perder, ganha a confiança do bando. Agora é a líder e precisa cumprir sua missão. Ela não falha, suas garras perfuram o couro no forte animal e com a ajuda das outras leoas tem a caça sucumbida diante de si. Alimenta-se e se fortalece mais uma vez.
Ouve-se um leve miado, um misto de rugido e choro. E para sua surpresa avista um pequeno filhote de leão no meio do capim seco. Mamãe leoa percebe a presença de seu outro filhote e corre para afaga-lo.
A manada de búfalos, como que buscando vingança, percebe a distração da leoa, e sorrateiramente tenta investir contra ela, agora vulnerável pela presença do filhote. Como que num milagre surge outra leoa, de olhar prateado. É a ex-líder do bando que tem o sangue de leão correndo nas suas veias e vem ajudar mamãe leoa, mesmo tendo sido por ela destronada. É o instinto de leão falando mais alto, é a defesa da raça. As outras leoas também se aproximam e juntas dissipam a manada.
Fiquei maravilhada, não pude conter minhas lágrimas!
Essa é uma história real, contada num documentário. Realmente, poderia dizer depois disso que animais são melhores que nós humanos.
Ajudam-se mutuamente, sentem tristeza, rugem pela dor na alma. Lutam por sua cria.
Animais... O ser humano deveria aprender com eles, quem sabe assim seríamos melhores.