segunda-feira, 30 de abril de 2012

DA JANELA VIA O TRONCO



Querido leitor, oro para que Deus revele ao seu coração, as mensagens contidas nas entrelinhas desse conto. Leia com atenção! 



Socorro quer matar-me! Inhá deu o último aperto no espartilho. Era preciso ter cintura de pilão. Nunca entendi muito bem, porque nos faziam usar aquilo. Quando garota, gostava mesmo de brincar no quintal. Nossa fazenda tinha terra a perder de vista, e os filhos dos escravos, tinham certa liberdade, principalmente os filhos de nossas amas, gostava de estar com eles, afinal, podiam correr descalços, fazer castelos de barro;  mas mamãe obrigava-me a viver emperiquitada, dos pés à cabeça. O que eu queria mesmo era estar descalço, sentir a terra em meus pés. Sentia inveja de Maneco, ele sim era feliz, comia quando queria, lambuzava-se se deliciando com a manga pega no pé, sem frescuras, podia rolar na grama, e assentar-se no chão se quisesse. Nossa! Isso sim era vida! Quanta liberdade! E eu, sem opção de escolha, crescia em meio aos paparicos e regalias. Minhas amas eram como se fossem minhas mães, pois mamãe entregava todo o meu cuidado a elas. Eu as amava, só não gostava do espartilho, bom, também não gostava de usar camadas sobre camadas de anáguas. Porque se fazia necessário tanta roupa? Ficava difícil movimentar-me. Precisava ter boas maneiras, era filha do senhor do engenho. Oh! Temível papai! Mamãe se calava diante de suas brutalidades, mas eu nem me importava, dava de ombros e saía. Papai dizia que mamãe havia me educado mal. No fundo tinha pena de mamãe, se sujeitava a todos os desmandos de papai. Ela foi dada em casamento a ele ainda muito jovem. Meus avós eram ricos fazendeiros que queriam juntar suas fortunas, terra valia ouro. Também possuíam muitos escravos, lembro-me de alguns que viveram um pouco mais, outros morreram no tronco. Odiava ouvir aqueles gritos, enfiava-me debaixo da cama, e tapava meus ouvidos. Inhá colocava-me em seus braços, e tentava acalmar-me naquele momento, ela cantava sempre a mesma canção, um canto de tristeza e de alento. E em seus braços, me sentia segura. Aqueles gritos ficaram gravados em minha memória, um a um, algumas vezes chegava até a janela e observava o carrasco deferindo suas chicotadas, nos lombos dos escravos. As correntes nos pés causavam-me terror, seus braços eram estendidos e amarrados em uma argola na parte superior do tronco.

Lembro-me que algumas vezes, pela manhã, ainda havia sangue escorrendo no tronco. Sentia arrepios ao passar próximo àquele lugar. Era lugar de morte, podia sentir o cheiro da ferrugem nas correntes, que se misturava ao sangue derramado. Era como se as almas ainda estivessem presas ali, expelindo um grito desesperado de socorro. Os que não morriam, ficavam acorrentados, jogados na senzala, com seus corpos dilacerados pelos golpes do cruel capataz. Olhava para tal situação e impotente, não tinha como ajudar. Se pudesse, tratar aquelas feridas! Havia bálsamo em casa, mas não para os escravos. Algumas vezes, pude perceber as cicatrizes nos lombos de alguns, eram cicatrizes deveras profundas. Inhá contava que à noite na senzala os escravos cantavam de dor. Era um canto de tristeza, as portas estavam trancadas, ninguém entrava e ninguém saía. O capataz mantinha a chave consigo e fazia o que lhe bem parecia. Pobres escravos! Escravos do medo e da incerteza, tratados como mercadoria descartável e sem valor. Sentia a amargura em seus olhos, a dor de suas almas exalava entre um suspiro e outro. Sem voz, sujeitos ao cárcere. Não eram donos de si mesmos, não possuíam herança. Tudo que tinham eram as correntes.
Simone Becker

Imagine uma caverna onde só há trevas, e a luz não se faz presente. Homens foram lançados ali, com seus pés acorrentados. Viviam nas trevas, se movimentavam apenas até onde a corrente lhes permitia. Com o passar do tempo, conseguiam se movimentar no escuro, pois já sabiam o tamanho da corrente e se familiarizaram com o lugar. Certa noite enquanto dormiam, entrou um homem que quebrou as correntes, eles não se encontravam mais presos, estavam livres, mas estavam impossibilitados de ver, pois as trevas os impedia. Sequer perceberam a falta das correntes, pois estavam demasiado acostumados a elas e ao percurso que faziam. Poderiam ter saído da caverna, mas permaneceram lá. Já eram livres, e continuavam presos, viveram cativos e desperdiçaram suas vidas como prisioneiros sem correntes.
Jesus já nos libertou, somos livres. Todo escrito de dívida que era contra nós, já foi pago na cruz do calvário. Saia do cativeiro, saia do lugar de morte, não há mais correntes em seus pés, você é livre.
Deus nos abençoe!
“O espírito do Senhor Deus está sobre mim; porque o Senhor me ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a por em liberdade os algemados. A apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os que choram . A ordenar acerca dos tristes de Sião que se lhe dê glória em vez de cinza, óleo de alegria em vez de tristeza, vestes de louvor em vez de espírito angustiado; a fim de que chamem de justiça, plantações do Senhor, para que ele seja glorificado.” (Isaías 61: 1 e 3)

sexta-feira, 27 de abril de 2012

O VESTIDO

         






O Vestido




Era um lindo vestido, carinhosamente desenhado e confeccionado pra mim. O ganhei de papai. Haveria uma grande festa, e ele queria ver-me, impecavelmente vestida.
Seu tecido era branco, de linho fino, possuía um lindo bordado com pedrinhas  delicadamente aplicadas, por mãos deveras cuidadosas, algumas gotinhas de pérolas circuncidavam a bainha. Recordo-me do dia que o ganhei, dia realmente feliz, nunca havia ganhado algo tão especial, afinal, foi um presente de papai, ele sempre foi um pai carinhoso e surpreendente.
Nossa casa sempre estava com as portas abertas, não havia perigo ali, estávamos protegidos, seguros nos braços de papai. Tínhamos a liberdade e ir e vir, pois o amor nos mantinha sempre em casa, ainda que passeássemos pelas redondezas, voltávamos para a segurança do lar.
Em um dia comum, resolvi vestir meu vestido, e saí sorrateiramente pela porta, resolvi me mostrar, estava bonita. Todos me olhavam com um olhar de admiração. Algumas crianças aproximaram de mim, elas estavam brincando, estavam bem sujas, tentei me afastar, mas era tarde demais, aproximaram-se de mim e fui pego de surpresa, quando olhei à minha volta estava envolvida naquela situação, atiravam barro uns nos outros, eu em meio ao fogo cruzado, com meu vestido branco, prestes a sujá-lo. Não demorou muito, e eis que, a primeira mancha de barro já estava lá. Quando percebi meu lindo vestido estava manchado, me entristeci, não havia o que fazer, eles eram muitos, já havia me sujado, então, resolvi entrar na brincadeira também.
Não sei o que houve comigo, aquele vestido era tão especial para mim, mas naquele momento, quanto mais me sujava, mais queria me sujar. Havia uma confusão de sentimentos na minha alma, lembrava-me de papai, de como ele iria se entristecer, mas queria me divertir, afinal, tantas crianças estavam ali brincando felizes. O que era um vestido, comparado ao prazer que eu sentia naquele momento? Parecia que meu coração estava feliz, papai entenderia.
Quando dei por mim, meu vestido, antes tão branco, tão lindo, carinhosamente feito para mim, estava sujo de barro, irreconhecível. Senti-me tão suja, tão vil, tão má. Meu coração se deu conta, do que havia feito, e agora era tarde demais. Como voltaria para casa? Como olharia nos olhos de papai? Por certo ele castigar-me-ia, e nunca mais amaria filha tão ingrata.
O sol se pôs, se fez noite, e agora, estava eu ali, sozinha. Os amigos das brincadeiras afastaram-se, e atordoada, não sabia o que fazer. O medo tomou conta de mim, a noite era deveras escura, me senti totalmente desprotegida, longe dos braços de papai e da segurança do lar. A vergonha impedia-me de voltar. Barulhos horríveis atordoavam-me, sombras e vozes perdidas na escuridão. Como animal acuado me encontrava, vulnerável e sem forças para correr. Mas como se uma força me impelisse, levantei-me e corri para casa, meio que aos tropeços e cambaleios. Ao avistar a casa, percebi a presença de papai à porta, que com seus olhos, observava-me correr e cambalear. Rapidamente ele veio ao meu encontro. Cabisbaixa, não sabia o que falar. Permaneci em silêncio. Papai, cavalheiro como era, respeitou meu silêncio e me acolheu em seus braços. Ele sabia que naquela hora, eu só precisava voltar.
Olhei nos olhos de papai, que com paciência e carinho me acolhia. Com sua voz suave, pediu-me que lhe desse o vestido. Despi-me e o entreguei a papai. Estava nua, e envergonhada, mas a paz tomou conta de mim. Sentia-me novamente segura. Pude enfim descansar. 
Abri meus olhos, e ao lado da cama, havia um presente, o desembrulhei, era meu vestido, estava limpo, estava lindo.  As pedrinhas estavam lá, as pérolas que haviam se soltado, foram novamente bordadas à mão. Meu coração se encheu de alegria e gratidão. Corri até a sala, lá estava papai, assentado em sua poltrona predileta.  Num ímpeto de alegria saltei em seus braços e ele me acolheu calorosamente.
Não precisou que eu dissesse nem uma palavra, papai sabia de tudo, ele conhecia-me muito bem. Pude perceber o amor e o perdão em seus olhos.



“Ele nos libertou do império das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados.“(Col. 1 :13)



Quão amável pai. Pai que tem nos acolhido, ainda que sujos, com nossas vestes sem algumas pedrinhas, e com as pérolas arrancadas. Que em seu amor tem nos envolvido, lavado nossas vestes com seu sangue, para que elas se tornem alvas novamente. Pai que não se importa o quão sujos estamos, o quão longe andamos, ele nos acolhe em seus braços, nos perdoa, e nos limpa. E ainda que, nos encontremos envergonhados, e distantes de sua presença, ele continua à porta, ansiando pelo nosso retorno. Não requer de nós palavras, porque conhece nosso coração, e se compadece do filho arrependido.
Obrigada Senhor! Que por amor me acolheste, e com teu sangue lavaste-me. Para que no grande dia, dia de festa, eu me apresente diante do teu trono, com minhas vestes brancas, lavadas no sangue do cordeiro.
Amém!




“Bem aventurado, aqueles que lavam as suas vestiduras (no sangue do cordeiro), para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas.” (Apocalipse 22:14)



                

quarta-feira, 25 de abril de 2012

JESUS, ENTRA PRIMEIRO!

         




JESUS, ENTRA PRIMEIRO!

Não me sinto muito confortável dentro de um avião. Pra dizer a verdade, a melhor hora do voo para mim, é quando o avião está taxiando na pista rumo ao desembarque.
Só viajo de avião, porque não há como chegar a alguns lugares de outra forma. Não consigo dormir, meu estômago fica apertado, e é difícil até tomar o café da manhã, após uma noite em jejum. Evito ir ao banheiro, tenho medo de turbulências. Fico alerta o tempo inteiro, observando as informações de altitude, distância e velocidade do voo, na tela à minha frente. Como se isso, fosse ajudar em alguma coisa. Para me tranquilizar um pouco, trago à memória versículos bíblico e oro em todo o percurso. Se há algo que me desconcerta é saber que estou vulnerável em alguma situação, o sentimento de impotência é horrível.
Certa vez, num voo, até então tranquilo, de Orlando para Austin, no Texas, o comandante anunciou que estava mudando a rota do voo, pois havia uma tempestade à frente, pediu que afivelássemos  os cintos, pois poderia haver turbulências. O silêncio tomou conta do avião, olhei para minha filha, assentada do meu lado, com aquela cara de “Hammmmm”. Passados alguns minutos, o avião começou a tremer terrivelmente, fazendo um barulho assustador. Para alívio nosso, foram alguns poucos minutos, mas parecia uma eternidade. Graças a Deus, pela experiência do piloto e pelos instrumentos de voo que funcionaram perfeitamente, desviamos da tempestade e tivemos um restante de viajem tranquilo. Chegamos em paz! Que alívio! Como é bom, estar em solo e seguro.
Não é nada bom, passar pelas tempestades, nem ser sacudido pelas turbulências da vida. É algo assustador, pois não sabemos a dimensão da tempestade, nem quanto irá durar. Tempestades chegam sem avisar, trazem ventos fortes, que reviram nossas vidas, nos desarrumam.
Tempestades fazem nossa fé trepidar, fazem barulho e tiram a paz. Sentimos-nos impotentes, diante das situações que fogem ao nosso controle, onde não podemos fazer muita coisa, a não ser confiar.
A primeira coisa que faço quando estou na porta do avião, é pedir para Jesus entrar na minha frente. Digo, Jesus, entra primeiro! Faço isso sempre. E creio que ele está comigo em todo o percurso. Quando fecho meus olhos posso até sentir sua mão segurando a minha. Isso é maravilhoso, pois tenho a certeza que não estou sozinha, e assim tenho me entregado a Ele durante as viagens, apesar dos meus medos e temores.
Precisamos aprender que estamos seguros, apesar dos nossos temores.  O nosso comandante tem o controle sobre nossas vidas e sobre toda e qualquer situação. Podemos descansar em suas mãos, sabendo que, mesmo durante as tempestades ou turbulências Ele estará lá. Os instrumentos espirituais jamais falham. Tudo ficará bem. Não é fácil vivenciar turbulências, é doloroso, pois achamos que seremos sucumbidos. Mas elas passam, e tudo retorna à paz.
Ore crendo que Jesus está com você nesse voo, pois é certo que Ele está, ainda que você não o veja, nem o sinta, ainda assim, Ele estará lá. Entregue a Ele seus medos e temores, deixe que Ele seja o comandante da sua vida, Ele nunca falhou, e jamais falhará.
As tempestades vêm e vão, as turbulências nos sacodem, nos assustam, mexem com nossas emoções, mas sempre haverá o sol, após as densas nuvens. Ele sempre esteve lá, só estava encoberto, ele não deixou de brilhar, e voltará a refletir a luz sobre você.
Que Deus nos abençoe! E que depositemos n’Ele toda nossa confiança, crendo que o Senhor é galardoador daqueles que o buscam.
“O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.” (Salmo 30:5)





                      http://youtu.be/LfcRlLyuWR0

terça-feira, 24 de abril de 2012



O QUE VOCÊ TEM OUVIDO?

Recebi um email, há alguns dias, mostrando a progressão da música, nas últimas décadas.
Sempre tive a música muito presente em minha vida, seja no mundo secular ou em ministérios na igreja.  Música é algo, com o que, meu coração se delicia. Boa música! Diga-se de passagem!
 
A música diz muito sobre o perfil de uma geração, ela retrata traços de personalidade e valores.
Nosso coração se deleita naquilo que nos sacia, e nos enchemos daquilo que mata a nossa fome. Por isso também, expressamos através da música o nosso conteúdo interior. A bíblia diz que, a boca fala do que está cheio o coração. Se  nosso prazer está no que é bom, perfeito e agradável, nos saciaremos com tudo que possuir tais adjetivos.
Tomando isso como base, posso chegar a algumas conclusões:
A qualidade da música que ouvimos nas ultima décadas, tem piorado de forma assustadora. Quando ouço as músicas mais antigas, consigo perceber, poesia, inteligência e valores nobres, dentre outros. No entanto, quando ligo o rádio do carro, ou mesmo, escuto por imposição, músicas tocadas em lugares públicos ou afins, percebo a quantidade de lixo em forma de barulho, que nos têm enfiado pela garganta abaixo.
Não há mais poesia, nem letra inteligentes. Onde estão os poetas?
Os tesouros internos têm sido entulhados, pelo lixo que se amontoa na alma humana, e ficam encobertos por ferrugem, sujeira, algas e bactérias, tal qual navio naufragado no oceano, mas isso não faz com que ele não esteja lá.
A música das últimas décadas reflete a deterioração da alma humana, reflete o distanciamento entre criatura e criador.  O coração humano se deleita no que está podre, pois se encontra como sepulcro caiado, por fora tudo arrumadinho, maquiagem, chapinha no cabelo, roupa de marca, bom perfume, por dentro o caos e o mau cheiro.
Onde erramos? Essa pergunta encerrava o email?
Erramos quando perdemos o bom senso;
Erramos quando dizemos que criança não pode levar um tapinha , que jovem precisa de “liberdade”, e  adolescente não pode trabalhar;
Erramos quando abolimos a leitura da bíblia, quando não ensinamos a criança no caminho que se deve andar.
Erramos quando delegamos a criação dos nossos filhos a estranhos;
Erramos quando não valorizamos a família, o respeito mútuo e a boa conduta;
Erramos sim! Erramos muito!
E continuamos errando. Erro após erro.
Para onde fugiu o caráter, e os valores? Banalizou-se tudo.
Banalizou-se os relacionamentos, o sexo, a educação, o respeito, tudo se tornou relativo.
O amor ao próximo, a solidariedade e a honestidade, se perderam faz tempo.
Triste realidade!
É tempo de desentulhar nossas almas, tempo de rever conceitos e valores. É tempo de retornar, de refazer o caminho, de reescrever a história.
Chega de tanto lixo! Lixo na TV, no rádio, na rua, na esquina.
Lixo comprado e ofertado de graça. Lixo que rouba, e nos ofusca de nós mesmos.
Quero ouvir boa música, ter uma boa conversa, falar de coisas saudáveis.
Quero gentileza, elegância e educação.
Quero fazer minha parte, ser um pouquinho do sal que evidência o sabor.
Quero um mundo melhor, quero menos sujeira, quero mais DEUS!


Tenho, porém contra ti, que abandonaste o teu primeiro amor. Lembra-te pois, de onde caístes, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e se não venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas. (Apocalipse 2: 4 e 5)


segunda-feira, 23 de abril de 2012

QUANTO VALE SEU TEMPO?





QUANTO VALE SEU TEMPO?

"Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, e sim, como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus." (Efésios 5: 15,16)

O relógio despertou, parecia que o tempo havia parado, afinal, tinha acabado de fechar os olhos, nem me dei conta que o tempo voou.
Seis horas. Como um robô pré-programado, pulei da cama e agitadamente, cambaleei até o banheiro, abri a torneira e ops!; Dormi de óculos, lembro-me de ter aberto minha bíblia e começado a ler alguns versículos, alguns fleches de memória me diziam que eu havia fechado a bíblia e a colocado de lado. Voltei até o quarto, eis que a encontrei jogada no chão. Algumas páginas estavam amassadas, reorganizei-as, e coloquei-a na cabeceira da cama, lugar onde ela sempre ficava.
Em quinze minutos estava pronta, corri até a cozinha, me servi do café, já preparado pela cafeteira programada para o horário das seis e dez.
As seis e vinte e cinco, pontualmente, estava na garagem. Liguei o carro e antes mesmo de acertar o retrovisor, sai em disparada para o escritório. Tempo era sagrado para mim, perder alguns minutos não estava em minha agenda.
Deparei-me com um trânsito, um tanto quanto, tumultuado naquela manhã. Todos resolveram sair de casa no mesmo instante que eu, pensei. Murmurei por alguns minutos, mas o celular  tocou, era meu chefe, perguntando-me se havia terminado o relatório. Claro!  Exclamei. Sempre faço minhas tarefas, a tempo e a hora, pensei comigo mesma. Sempre fui muito eficiente, uma funcionária exemplar.
Finalmente, as sete e cinco estava no escritório, cinco minutos de atraso, mas compensaria no final do expediente.
Dia corrido, muitas tarefas. Atendi sei lá quantas ligações, clientes educados, mal educados, reclamões e uma série de outros adjetivos.
Nossa, nem me dei conta, já passara do meio dia, ainda não coloquei nada no estômago, por isso sentia um ligeiro mal estar. Era hora de cuidar de mim. Apressei-me até o elevador, que claro, demorava alguns minutos, havia vários andares no prédio e muitos escritórios, e todos insistiam em descer, justamente, no mesmo horário que eu.
Corri até a lanchonete que ficava do outro lado da rua. A atendente já me conhecia, cumprimentei-a com o bom dia rotineiro, ou sei lá, boa tarde, a essa altura já havia perdido a noção de horário. E pedi o de sempre, pra encurtar o assunto, não dispunha de muito tempo.  Precisava voltar ao escritório, deixei um relatório pela metade, e precisava fazer alguns telefonemas.
Ufa! De novo sentada em minha mesa, minha caixa de email, estava abarrotada de mensagens, precisa ler, havia algumas que careciam de certa urgência.
Dona Carminha, trouxe-me um café, fazia bem depois do almoço, bem, não foi mesmo um almoço, mas para mim era como se fosse. Em casa comeria algo mais saudável.
 O telefone tocou, era a secretária passando-me uma ligação, dizia que era urgente. Atendi com presteza, e logo após o alô, minha face se corou, graças a Deus não havia ninguém na minha sala. Era a diretora da escola, havia faltado à reunião de pais, me esqueci, era hoje as quatorze e trinta. Olhei para relógio, e com uma voz envergonhada, desculpei-me. O relógio marcava quinze e quinze. Disse-lhe que ligaria marcando um horário extra, assim que tivesse um tempinho.
O tempo voou, como pássaro apressado, dezoito horas, mas havia aqueles cinco minutos, não queria dar mau exemplo, era necessário ficar mais um pouco, e os cinco minutos acabaram virando meia hora. Mais um dia! Tarefa cumprida!
Corri até a garagem, cumprimentei o porteiro. E como sempre, o trânsito na hora do rush, um inferno. Minha murmuração básica, odeio trânsito, tira-me do sério. Quase quarenta minutos enfrentando a loucura de uma metrópole. Algumas vezes pensei em mudar para o interior, deveria ser mais tranquilo, pelo menos o trânsito.
Lar doce lar, enfim, cheguei!
Meus pés doíam, salto era algo obrigatório na minha profissão. Naquela hora do dia, não estava mais tão impecável assim, mas tentava manter a pose.
Minha filha correu ao meu encontro, o cachorro latia, havia vários envelopes em minhas mãos, tinha os pegado na portaria. Joguei-os no sofá. Abracei minha filha, que já estava de pijama, era uma dádiva ter Maria como secretária do lar, ela sempre deixava as crianças prontas para ir para a cama.
 Perguntei à minha filha se ela já havia feito a lição, ela disse-me que o irmão, que era mais velho, tinha ajudado com as tarefas. Isso era bom, não precisaria ter mais alguma tarefa, já estava cansada por demais.
Liguei a TV, precisava assistir o jornal. Como reagiram as bolsas naquele dia? O mercado estava um pouco instável, e a empresa andava na corda bamba. Não podia perder meu emprego, se algo acontecesse com a empresa, estaria na rua.
Meu marido chegou, tive que esquentar a comida, sentamos rapidamente à mesa, comi uma saladinha, afinal, precisava comer algo saudável, durante o dia comi apenas besteiras.
Trocamos algumas palavras, ele se apressou para o banho. Estava exausto!
Tive meus trinta minutos de descanso, mergulhei na banheira, coloquei bastante espuma, usei camomila, precisava relaxar.
Depois de um banho relaxante, bate aquele sono. Ainda havia algumas tarefas, antes de jogar-me na cama, era tudo que eu precisava.
Coloquei minha filha na cama, fiz uma oração, lhe dei um beijinho de boa noite! Ela disse que me amava.
Fui até o quarto do meu filho, o computador estava ligado, como sempre. Mandei que desligasse, e fosse para a cama, ele tinha aula pela manhã e o escolar passava pontualmente as sete. Dei-lhe um beijo e fui para o meu quarto. Sentei na cama e peguei minha bíblia, toda amassada, não havia percebido, que ficaram algumas páginas dobradas. Resolvi ler um pouco, o dia foi tão corrido, nem percebi que não tive um tempo com Deus. Era preciso conversar um pouco com Ele. Havia algumas situações pendentes. 
Dez minutos, meus olhos já pesavam, olhei para o relógio, liguei o despertador. Seis em ponto! Comecei a bocejar, o sono era mais forte que eu. Tinha uma ligeira dor de cabeça, virei para lado, meu marido disse alguma coisa, não entendi muito bem, já estava quase cochilando. Ajeitei o travesseiro, puxei o edredom. Não me lembro de mais nada.
Maldito despertador, Seis horas!

Quanto vale seu tempo?
Quais têm sido as suas prioridades? A correria do dia a dia tem te impedido de viver? Afinal, o que é viver? Você tem vivido, não é verdade? Agora, qual estilo de vida? O que tem tomado seu tempo?
Olho para as famílias de hoje, e sinto saudades da minha infância. Lembro-me que quando criança minha mãe era uma mãe presente, lembro-me das suas comidinhas cheirosas, suas guloseimas preparadas com amor . Meu pai era um pequeno comerciante, que não tinha muito tempo para estar com a família, nas horas vagas ele jogava baralho com os amigos. Às vezes, em alguns fins de semana, levava-nos ao cinema ou ao parque. Éramos uma família feliz, apesar de não termos um pai tão presente. Aos domingos íamos à igreja, éramos assíduos na escola dominical, eu particularmente, participava intensamente nas atividades da igreja.
Olho para as famílias de hoje, quanta falta de tempo. Acho que o relógio deveria possuir mais algumas horas, o dia se tornou deveras pequeno demais, para tantas atividades. Não temos mais tempo para almoçarmos em família, para rirmos juntos, nos jogarmos sobre as almofadas, para simplesmente brincarmos com nossos filhos. Chutamos o cachorro, que não tem culpa de nada.  
Culpamos o outro por nossas falhas, delegamos tarefas a outros, colocamos a educação de nossos filhos sob a responsabilidade das babas, secretárias do lar, da escola, da igreja, e deixamos de fazer o papel de pais.
Não há tempo para uma conversa de casal, nem um namoro, nem um jantar romântico. Não mandamos mais flores, esquecemos as datas importantes.
Quanto vale nosso tempo?
Não temos tempo para estar com o amigo, ou para fazermos amigos.
Não temos tempo para compadecermos, nem para estendermos a mãos.
Tropeçamos nos ponteiros do relógio e caímos escravos das horas.
Não vemos o tempo que passa e ansiamos pelo que ainda virá.
Não lemos um bom livro, não escrevemos poesia, nem mandamos um bilhete dizendo, eu te amo.
Não degustamos uma boa comida, não ouvimos uma boa música. 
Pois somos escravos dos ponteiros, que como carrascos nos chicoteiam com os minutos a correrem. 
A vida é como neblina que vem e que passa. Tudo passa tão rápido. Hoje nossos filhos crianças, amanhã jovens adultos. Nem os percebemos crescerem. Não há mais o beijo de boa noite, as estórias à beira da cama, o carinho e o afago.
Nossa bíblia se empoeira no criado ao lado, páginas amassadas, comidas pelo cachorro. Algumas páginas nem mais estão lá.
Não oramos, não louvamos a Deus, sequer o escutamos, mas corremos pra Ele, com nossas urgências existenciais.
Quanto vale seu tempo? Quanto vale uma vida? Viver e perceber que não se viveu. Acordar e não perceber que o sol brilha lá fora, que os pássaros ainda cantam, que você respira e é um ser, dotado de corpo, alma e espírito e precisa VIVER.
Eclesiastes 3
Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.
Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou;
Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar;
Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar;
Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar;
Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora;
Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar;
Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.
Que proveito tem o trabalhador naquilo em que trabalha?
Tenho visto o trabalho que Deus deu aos filhos dos homens, para com ele os exercitar.
Tudo fez formoso em seu tempo; também pôs o mundo no coração do homem, sem que este possa descobrir a obra que Deus fez desde o princípio até ao fim.
Já tenho entendido que não há coisa melhor para eles do que alegrar-se e fazer bem na sua vida;
E também que todo o homem coma e beba, e goze do bem de todo o seu trabalho; isto é um dom de Deus.
Eu sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe deve acrescentar, e nada se lhe deve tirar; e isto faz Deus para que haja temor diante dele.
O que é, já foi; e o que há de ser, também já foi; e Deus pede conta do que passou.





                 

domingo, 22 de abril de 2012

kICHIQUITO



KICHIQUITO

Kichiquito era um garoto franzino de mãos calejadas. Havia algo de tristonho e meiguice em seu olhar. Seu sorriso trazia uma doçura quebrantadora. Ele nasceu em uma cultura um tanto quanto peculiar. No meio de seu povo as crianças não tinham voz, nem vez, eram tratadas como refugo.
Kichiquito era filho de camponeses, e ajudava seus pais com o trabalho pesado, por isso suas pequenas mãozinhas, traziam já encravadas, as cicatrizes da enxada.
Certo dia chegou ao lugarejo um casal de missionários. Kichiquito nunca tinha visto pessoas como aquelas, diziam que vieram de terras distantes, do outro lado do oceano.
Logo após a chegada do casal, as coisas ficaram um pouco diferentes no lugar, ouviam-se murmurinhos, e falas interrompidas por todos os lados. Duas vezes por semana algumas pessoas se reuniam na casa dos recém-chegados. A curiosidade inquietava o coração infantil de Kichiquito.
Numa noite estrelada e clima agradável, Kichiquito resolveu espiar pela fresta da janela da casa do casal. Lá dentro havia dezenas de pessoas, cantando algumas músicas, que encheram o coraçãozinho de Kichiquito de paz. Logo após ouve silêncio, e com uma voz suave a Senhora Vincent começou a dizer algumas palavras, e à medida que Kichiquito escutava, seu coração batia com entusiasmo. Que palavras eram aquelas? De onde vinham tão doces palavras que alegravam o coração?
E assim, por noites e noites, estava lá Kichiquito participando da reunião, pela fresta da janela. Já era praticamente um membro do lugar. Com sua inteligência marcante assimilava todas as palavras, num abrir e piscar de olhos.
Passado algum tempo, como os pais de Kichiquito também frequentavam a reunião, ele passou a participar assentado no chão da sala, onde as pessoas se reuniam. Ali, Kichiquito aprendeu todas as coisas, e sua vida ganhou novo sentido. Kichiquito entendeu que havia se tornado um cristão.
Havia perseguição religiosa no país de Kichiquito,  pessoas eram massacradas e mortas por causa do cristianismo. No lugarejo onde Kichiquito morava, havia certa tranquilidade, pois era um pouco afastado da cidade, mas ainda assim, as pessoas viviam com medo e não podiam falar sobre sua crença.
Kichiquito cresceu, tornou-se um belo jovem e amava Jesus. Cresceu grudado como carrapicho no senhor e senhora Vincent, absorvendo todos os seus conhecimentos, com eles aprendeu a ler, escrever, e  ser servo de Deus.
Era noite de inverno, estava frio e ventava. A casa perfumada com o cheiro do chá preparado pela mãe. Kichiquito sentado à mesa lendo seus escritos, pois afinal, era muito difícil possuir uma bíblia ali. Mas Kichiquito praticamente a escreveu manualmente,durante tantos anos de discipulado. Sabia todos os versículos de cor, tinha ótima memória.
Ouve-se barulhos! Gritos!
Kichiquito corre para a porta e antes mesmo de abri-la, ela vem abaixo. Homens encapuzados invadem a casa, Kichiquito vê seus pais morrerem a seus pés, e agora ele ali frente ao fio da espada. Aqueles homens dizem a ele, que se ele negar aquele Deus que as pessoas estavam servindo, eles o deixariam sobreviver. Mas Kichiquito abriu sua boca e falou: Obrigada Jesus, porque o senhor me salvou! E foi morto nessa hora, com um só golpe de espada.

Simone Becker

Vivemos em um país onde há liberdade religiosa, onde possuímos todas as condições de lermos a bíblia, onde podemos pregar o evangelho livremente. No entanto, nem sempre o fazemos.
Qual tem sido nosso testemunho de vida? Temos vivido aquilo que pregamos, ou a cartilha que pregamos só serve para o outro?
Qual cristianismo temos pregado?O cristianismo da cruz, ou o cristianismo do imediatismo, onde Deus é quem serve?
Temos dado nossa vida em favor de Cristo, e de seu reino?
O que mais me preocupa é o testemunho cristão que temos visto nesses dias, é o barateamento do evangelho. É o barganhar e querer receber por nossos próprios méritos.
Tolos que somos! Pobres mortais, cegos, surdos e nus.
Carecemos da graça todos os dias, Deus nunca deu unção perpétua, para que soubéssemos que temos que buscá-la todos os dias. Assim como o maná era dado apenas para um dia, assim temos recebido a graça dia após dia. Para que aprendamos a viver sob a dependência desse Deus, que nunca deixou de dar o suprimento a seu povo.
Vejo muita igreja cheia e pouca mudança de vida. Onde estão os sinais do novo nascimento? Onde estão os frutos?
Nossos ouvidos sofrem comichão por ouvir aquilo que nossa alma se deleita, mas se fecham para escutar a verdade. Dizemos que aceitamos Jesus, mas não aceitamos sua obra restauradora em nossas vidas. Buscamos as bênçãos de Deus, mas nos negamos a ser movidos em nossas estruturas. Almejamos o material, mas recusamos a mudança de valores, de princípios e de caráter.
Tolos que somos, inimigos de nós mesmos.
Quantos "Kichiquitos" padeceram e quantos ainda padecerão, por amar a Cristo? E nós nos negamos a  morrer, por amor a nós mesmos.


"Porque aquele que quiser salvar a sua vida perdê-la-a, e quem perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, esse a salvará.”(Marcos 8: 35)

“Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.”(João 3:3)

“Nem todo aquele que diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não pregamos nós em vosso nome, e não foi em vosso nome que expulsamos os demônios e fizemos muitos milagres? E, no entanto, eu lhes direi: nunca vos conheci. Retirai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade!” (Mt. 7:21-23)



              

sábado, 21 de abril de 2012

AMIGO

       






    




AMIGO


Quando criança morava em um bairro tranquilo na periferia de Belo Horizonte. Lembro-me da vizinhança, parecia uma grande família, onde os filhos se dividiam hora aqui, hora acolá. Ainda trago na memória os doces e saudosos momentos daquele tempo. Foram tantas pessoas que fizeram parte daquele enredo. Hoje, quando olho pra trás vejo apenas personagens empoeirados em um livro de estante. Nenhum deles permaneceu na história de minha vida, todos se foram. Momentos que jamais voltarão e que deixaram na memória apenas as lembranças.
O tempo passou e o enredo foi mudando de acordo com o curso da história. Outras personagens foram agregadas à grande narração em prosa. E mais uma vez algumas se foram, passaram como neblina, alguns poucos remanescentes sobreviveram, talvez, pelo seu simples olhar, seu falar, seu sorriso...
Ou talvez pelo simples fato de terem cruzado o meu caminho. Outras por terem me magoado e me feito sofrer...
Mas, pessoas especiais, que marcaram minha história e deixaram saudades.
Diz o ditado que,” rico é o homem que no final de sua vida, conseguiu somar a quantidade dos dedos de uma mão, em quantidade de amigos.”
Amigos das conversas, das brincadeiras, dos sorrisos, das lágrimas derramadas, do não falar.
Diz o poeta que “amigo é coisa pra se guardar debaixo de sete chaves, dentro do coração.” Amigo é coisa pra guardar no secreto, onde nada pode roubá-lo.
Amigo é aquela pessoa que o tempo não apaga, que a distância não esquece, que a maldade não destrói.
Amigo é aquele que se faz presente ainda que em sentimento, ou em pensamento. Amigo não se substitui, não se troca, não se doa, amigo se conquista. Amigo vem pro seu lado quando você está sozinho e nunca nega um sentimento sincero, ainda que seja uma palavra, mostrando o seu erro.
Amigo te acolhe e te respeita, apesar de às vezes pensar diferente de você.
Tenho alguns poucos amigos, com alguns tenho podido contar, na tristeza, na alegria, pra chorar juntos e pra gargalhar. O curso da vida separou-me de alguns, mas continuam guardados do “lado esquerdo do peito, dentro do coração.”
Mas, há um amigo Especial, que tem estado comigo em todas as horas. Posso deitar no seu colo e ser acolhido por seus braços. Não preciso de palavras para que Ele saiba o que quero dizer. É meu escudo, quando tudo e todos se levantam contra mim. É meu juiz, meu, pai, meu irmão, minha luz, minha vida. Meu porto seguro, quando as ondas insistem em me afogar, meu braço forte que sempre faz-me levantar. É paciente, amoroso e sempre tem uma palavra de conforto. Esteve sempre do meu lado, mesmo quando eu insistia em não percebê-lo. Meu tudo! Jesus! Meu amigo!
Agradeço a Deus, pelas pessoas que cruzam meu caminho, pois todas elas de alguma forma ajudam a construir minha história. Agradeço pelas que se foram, pelas que se perderam, pelas que permaneceram. Pelas que me feriram, pelas que me poliram, pois até os ferimentos me fizeram crescer.
Agradeço de forma especial pelos amigos. Não sei se conseguirei contá-los usando todos os dedos, talvez sobrem alguns dedos, mas ainda assim, poderei dizer: quão afortunado fui, por ter tido o privilégio de possuir amigos.
Dedico esta prosa aos verdadeiros amigos, companheiros de caminhada. Amo vocês!
E ao meu Especial amigo, Jesus, sem Ele não poderia viver! Te amo Jesus!

Simone Becker

“Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor. Mas chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu pai. Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos constitui para que vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça. Eu assim vos constitui, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos conceda. O que vos mando é que ameis uns aos outros.” (Jo 15, 15-17)













sexta-feira, 20 de abril de 2012



CHORO DE MÃE


Tamanha dor choro de mãe
Lágrimas que molham o travesseiro que aconchega
Choro contido no silêncio da alma que se angustia
É o esperar na janela a volta do filho que tarda em chegar
É o joelho que dobra no clamor sem cessar
São as mãos estendidas tentando agarrar o que insiste em afastar
Tamanha dor choro de mãe
Que não desiste do filho em rebeldia
Que crê com fé numa resposta não tardia
Que em dor de parto gera a vida que principia
É dor que se quebra sem envergonhar-se
É ferida que dói sem causar males
Choro de mãe!
Choro de amor, choro de mãe
Choro por amor
Choro tantas vezes não compreendido
Em tantas outras despercebido
Choro que clama e que cala
Choro que espera e desespera
E espera e para
Crendo que a resposta virá
Pois aquele que responde comparou o seu amor ao amor de mãe
Porque então não responderia ao clamor de uma filha?

Simone Becker



Ó Deus! Tu conheces o clamor de uma mãe. Tu sabes a dor silenciosa de um coração de mãe.
Ó Pai! Tu que vês todas as coisas e podes dimensionar a dor, sabes o tamanho do que se senti.
Assim como a mulher Cananéia achou graça diante de ti, rogo-te, agracia-nos com tua glória e teu poder. E venha sobre nossos filhos, com a presença transformadora do teu Santo Espírito, e os faça segundo o teu propósito.
Amém!

“Porventura pode uma mãe esquecer-se do filho que amamenta, que não se compadeça dele, do filho do seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse dele, contudo eu não me esquecerei de ti.” (Isaías 49:15)
“E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras cousas passaram.” (Apocalipse 21.4)


  

quinta-feira, 19 de abril de 2012






A MENINA NO ESPELHO

Julia era linda por si só, com aqueles grandes olhos amendoados, cabelo de anjinho barroco e pela clara de algodão. Conquistava a todos com seu jeito moleca e os fazia sorrir.

Como Julia era feliz, corria, pulava, caía, e assim ia Julia com suas traquinagens.

O tempo passou, e agora, Julia não mais tão feliz. O que houve com Julia? O que houve com Julia? Todos inquietos a perguntar...

Julia não mais sorria como antes, agora um pouco encabrunhada e uma distância no olhar. Agora, Julia mulher, gargalhadas com um que de tristeza. Certa feita Julia se olhou no espelho, e não mais reconhecia o reflexo do que via. Afinal, quem era do outro lado? Quem era aquela que ela via refletida? Nem Julia sabia.

O que houve com Julia?
Oh Deus! Julia foi ferida em sua inocência, golpe deveras mortífero em alma tão tenra.
Como poderia alguém tocar de forma tão vil em algo tão doce?

Tantas “Julias e Julios “, feridos de forma tão cruel, trazendo na alma o amargo gosto do fel.
Oh Deus, onde tu estavas? Porque permitistes que tal acontecimento ferisse a inocência de uma criança? Era só uma criança!

Por certo Deus estava no mesmo lugar. No mesmo lugar de onde viu seu filho padecer, daquele lugar o pai via tudo. Via seu filho torturado, e massacrado por tanta dor. Via seu filho levar a maldição que poderia condenar Julia. Via seu filho tomar sobre si a dor de Julia, para que sua alma pudesse receber o alivio da cura.

Alma ainda um tanto quanto confusa, em busca de respostas que por certo virão. Virão em forma de bálsamo, virão em forma de cura. E a alma antes tão doce, ofuscada como que por um véu, renovará as suas forças, correrá e não se cansará, caminhará e não se fatigará, e se descortinará em forma de águia refeita das cinzas, e voará altaneiramente. 

Simone Becker



“ Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido e Deus e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.” ( Isaías 53:4,5 )