quinta-feira, 19 de abril de 2012






A MENINA NO ESPELHO

Julia era linda por si só, com aqueles grandes olhos amendoados, cabelo de anjinho barroco e pela clara de algodão. Conquistava a todos com seu jeito moleca e os fazia sorrir.

Como Julia era feliz, corria, pulava, caía, e assim ia Julia com suas traquinagens.

O tempo passou, e agora, Julia não mais tão feliz. O que houve com Julia? O que houve com Julia? Todos inquietos a perguntar...

Julia não mais sorria como antes, agora um pouco encabrunhada e uma distância no olhar. Agora, Julia mulher, gargalhadas com um que de tristeza. Certa feita Julia se olhou no espelho, e não mais reconhecia o reflexo do que via. Afinal, quem era do outro lado? Quem era aquela que ela via refletida? Nem Julia sabia.

O que houve com Julia?
Oh Deus! Julia foi ferida em sua inocência, golpe deveras mortífero em alma tão tenra.
Como poderia alguém tocar de forma tão vil em algo tão doce?

Tantas “Julias e Julios “, feridos de forma tão cruel, trazendo na alma o amargo gosto do fel.
Oh Deus, onde tu estavas? Porque permitistes que tal acontecimento ferisse a inocência de uma criança? Era só uma criança!

Por certo Deus estava no mesmo lugar. No mesmo lugar de onde viu seu filho padecer, daquele lugar o pai via tudo. Via seu filho torturado, e massacrado por tanta dor. Via seu filho levar a maldição que poderia condenar Julia. Via seu filho tomar sobre si a dor de Julia, para que sua alma pudesse receber o alivio da cura.

Alma ainda um tanto quanto confusa, em busca de respostas que por certo virão. Virão em forma de bálsamo, virão em forma de cura. E a alma antes tão doce, ofuscada como que por um véu, renovará as suas forças, correrá e não se cansará, caminhará e não se fatigará, e se descortinará em forma de águia refeita das cinzas, e voará altaneiramente. 

Simone Becker



“ Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido e Deus e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.” ( Isaías 53:4,5 )






         

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