domingo, 22 de abril de 2012

kICHIQUITO



KICHIQUITO

Kichiquito era um garoto franzino de mãos calejadas. Havia algo de tristonho e meiguice em seu olhar. Seu sorriso trazia uma doçura quebrantadora. Ele nasceu em uma cultura um tanto quanto peculiar. No meio de seu povo as crianças não tinham voz, nem vez, eram tratadas como refugo.
Kichiquito era filho de camponeses, e ajudava seus pais com o trabalho pesado, por isso suas pequenas mãozinhas, traziam já encravadas, as cicatrizes da enxada.
Certo dia chegou ao lugarejo um casal de missionários. Kichiquito nunca tinha visto pessoas como aquelas, diziam que vieram de terras distantes, do outro lado do oceano.
Logo após a chegada do casal, as coisas ficaram um pouco diferentes no lugar, ouviam-se murmurinhos, e falas interrompidas por todos os lados. Duas vezes por semana algumas pessoas se reuniam na casa dos recém-chegados. A curiosidade inquietava o coração infantil de Kichiquito.
Numa noite estrelada e clima agradável, Kichiquito resolveu espiar pela fresta da janela da casa do casal. Lá dentro havia dezenas de pessoas, cantando algumas músicas, que encheram o coraçãozinho de Kichiquito de paz. Logo após ouve silêncio, e com uma voz suave a Senhora Vincent começou a dizer algumas palavras, e à medida que Kichiquito escutava, seu coração batia com entusiasmo. Que palavras eram aquelas? De onde vinham tão doces palavras que alegravam o coração?
E assim, por noites e noites, estava lá Kichiquito participando da reunião, pela fresta da janela. Já era praticamente um membro do lugar. Com sua inteligência marcante assimilava todas as palavras, num abrir e piscar de olhos.
Passado algum tempo, como os pais de Kichiquito também frequentavam a reunião, ele passou a participar assentado no chão da sala, onde as pessoas se reuniam. Ali, Kichiquito aprendeu todas as coisas, e sua vida ganhou novo sentido. Kichiquito entendeu que havia se tornado um cristão.
Havia perseguição religiosa no país de Kichiquito,  pessoas eram massacradas e mortas por causa do cristianismo. No lugarejo onde Kichiquito morava, havia certa tranquilidade, pois era um pouco afastado da cidade, mas ainda assim, as pessoas viviam com medo e não podiam falar sobre sua crença.
Kichiquito cresceu, tornou-se um belo jovem e amava Jesus. Cresceu grudado como carrapicho no senhor e senhora Vincent, absorvendo todos os seus conhecimentos, com eles aprendeu a ler, escrever, e  ser servo de Deus.
Era noite de inverno, estava frio e ventava. A casa perfumada com o cheiro do chá preparado pela mãe. Kichiquito sentado à mesa lendo seus escritos, pois afinal, era muito difícil possuir uma bíblia ali. Mas Kichiquito praticamente a escreveu manualmente,durante tantos anos de discipulado. Sabia todos os versículos de cor, tinha ótima memória.
Ouve-se barulhos! Gritos!
Kichiquito corre para a porta e antes mesmo de abri-la, ela vem abaixo. Homens encapuzados invadem a casa, Kichiquito vê seus pais morrerem a seus pés, e agora ele ali frente ao fio da espada. Aqueles homens dizem a ele, que se ele negar aquele Deus que as pessoas estavam servindo, eles o deixariam sobreviver. Mas Kichiquito abriu sua boca e falou: Obrigada Jesus, porque o senhor me salvou! E foi morto nessa hora, com um só golpe de espada.

Simone Becker

Vivemos em um país onde há liberdade religiosa, onde possuímos todas as condições de lermos a bíblia, onde podemos pregar o evangelho livremente. No entanto, nem sempre o fazemos.
Qual tem sido nosso testemunho de vida? Temos vivido aquilo que pregamos, ou a cartilha que pregamos só serve para o outro?
Qual cristianismo temos pregado?O cristianismo da cruz, ou o cristianismo do imediatismo, onde Deus é quem serve?
Temos dado nossa vida em favor de Cristo, e de seu reino?
O que mais me preocupa é o testemunho cristão que temos visto nesses dias, é o barateamento do evangelho. É o barganhar e querer receber por nossos próprios méritos.
Tolos que somos! Pobres mortais, cegos, surdos e nus.
Carecemos da graça todos os dias, Deus nunca deu unção perpétua, para que soubéssemos que temos que buscá-la todos os dias. Assim como o maná era dado apenas para um dia, assim temos recebido a graça dia após dia. Para que aprendamos a viver sob a dependência desse Deus, que nunca deixou de dar o suprimento a seu povo.
Vejo muita igreja cheia e pouca mudança de vida. Onde estão os sinais do novo nascimento? Onde estão os frutos?
Nossos ouvidos sofrem comichão por ouvir aquilo que nossa alma se deleita, mas se fecham para escutar a verdade. Dizemos que aceitamos Jesus, mas não aceitamos sua obra restauradora em nossas vidas. Buscamos as bênçãos de Deus, mas nos negamos a ser movidos em nossas estruturas. Almejamos o material, mas recusamos a mudança de valores, de princípios e de caráter.
Tolos que somos, inimigos de nós mesmos.
Quantos "Kichiquitos" padeceram e quantos ainda padecerão, por amar a Cristo? E nós nos negamos a  morrer, por amor a nós mesmos.


"Porque aquele que quiser salvar a sua vida perdê-la-a, e quem perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, esse a salvará.”(Marcos 8: 35)

“Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.”(João 3:3)

“Nem todo aquele que diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não pregamos nós em vosso nome, e não foi em vosso nome que expulsamos os demônios e fizemos muitos milagres? E, no entanto, eu lhes direi: nunca vos conheci. Retirai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade!” (Mt. 7:21-23)



              

Um comentário:

  1. Que lindo ! A palavra de Deus, realmente enche e alimenta verdadeiramente, nossos corações.
    Que o coraçãozinho de todas as crianças, fique cheio de Deus !!! Em nome de Jesus!

    Beijo
    Alessandra

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