segunda-feira, 27 de outubro de 2014

                       

POBRE MUNDO VAZIO


                           


"O termo mal abrange tudo que é negativo e inclui tanto a alienação quanto a destruição.
As possibilidades de desintegração sempre estão presentes no ser humano, como ser plenamente centrado sob o controle da hybris e da concupiscência o eu pode aproximar-se do estado de desintegração. A tentativa do eu finito de ser o centro de tudo, faz com que ele deixe de ser o centro de qualquer coisa. O ser humano, então, é arrastado para todas as direções sem qualquer meta e conteúdos definidos.  A perda do eu, marca básica do mal, é a perda do próprio centro. O ser humano perde o poder de relacionar-se consigo mesmo e consequentemente com o mundo a sua volta, perde a si mesmo e perde o seu mundo.
A inquietude, o vazio, e a falta de sentido, empurra o ser humano para a escolha de seus objetos, pessoas, coisas que são completamente contingentes para ele, portanto podem ser substituídos por outros. Não existindo relação essencial entre um agente livre e seus objetos, nenhuma escolha é preferível à outra e o destino se dorna uma necessidade mecânica. Reduzir o ser humano a um sistema de formas lógicas, morais e estéticas, o limita apenas à sujeição da lei e retira de si a criatividade.
Quanto mais individualizado for um ser, tanto quanto maior será sua capacidade de participar. Sendo assim, num estado de alienação o ser humano se fecha em si mesmo e suprime toda essa participação. Ele cai sob o domínio dos objetos, convertendo-os em objetos desprovidos de um eu". (Paul Tillic)”
Este é o mundo alienado em que vivemos! Onde os objetos sobrepõem à criatividade. Onde a barriga fala mais alto que cérebro. Onde o ser humano torna-se o centro de si mesmo, e acaba por perder seu mundo que se transforma apenas no que é palpável. Onde as coisas finitas passam a ter maior importância que as coisas para além, como a essência.
Pobre mundo vazio, que vive sua inquietude e falta de sentido, debruçado sobre as ofertas que melhor lhe convêm, e converte sua liberdade numa questão de contingência e necessidade mecânica, transformando seu mundo na necessidade momentânea em si, procurando prolongar o reduzido lapso de tempo que nos é concedido, preenchendo-o com tantas coisas transitórias quanto possíveis, opondo-se à ameaça última de sua finitude, onde a existência será sobreposta pela essência.
Pobre mundo vazio que se enrola no que é momentâneo, por não conseguir ver o que é eterno.


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