A VOLTA DE UMA "IDADE MÉDIA CONTEMPORÂNEA"

Wycliffe foi um pré-reformador e um grande crítico radical contra a igreja institucional na Idade Média. Sua Teologia sofreu influências de Agostinho. Seu amor destemido pela lógica e coerência, bem como seu repúdio à corrupção e à divisão que ele viu na igreja, o levaram a afirmar que a autoridade da Bíblia deve ser colocada sobre qualquer tradição ou dignitário eclesiásticos, sendo assim, ele foi perseguido e precisou se isolar. Depois de morto seus restos mortais foram desenterrados, queimados e atirados longe do solo "sagrado", por ser considerado herege. 

Hus foi outro pré-reformador, não repetia, simplesmente, a doutrina de Wycliffe, mas permanecia na tradição dos reformadores que sublinhavam a pregação, o estudo das Escrituras e a eliminação dos abusos clericais. Hus pedia a reforma da igreja baseada no exemplo de Cristo e na simplicidade apostólica. Hus foi considerados herege, foi escumungado e queimado em praça pública. 

Na idade média, período pós reforma e reforma, foram massacrados e mortos mais pessoas que em toda a perseguição da igreja primitiva. O levante de Lutero contra os desmandos da igreja com suas 95 Teses, que desafiou os ensinamentos da Igreja Católica quanto à natureza da penitência, a autoridade do papa e da utilidade das indulgências, foi apenas a gota d'água que faltava, num processo que já vinha se desenrolando desde a baixa idade média. Muitos foram considerados hereges, martirizados, mortos, queimados vivos, por não se calar frente às práticas anti-bíblicas e anti-cristãs ensinadas e vividas na igreja eclesiástica da época. 

Penso que, a mesma crise vivida pela igreja na Idade Média, tem sido a crise vivida pela Igreja Contemporânea.

Existe um clamor por reforma. Percebo a existência de homens que têm trazido dentro de si esta sêde por um renascimento da igreja. Sêde por renascimento de caráter eclesiástico, e mesmo de caráter pessoal daqueles que se dizem participantes da cúria. 

Hoje, não mais existe a inquisição, onde se condena homens na fogueira, mas muitos dos que se levantam contra os desmandos eclesiáticos, também são taxados de hereges, e só não são queimados vivos porque os tempos são outros; mas são queimados pela força do fogo do poder, e do dinheiro, que detém as regalias e o poderio dos tribunais eclesiásticos. Se pudessem os queimariam em praça pública, para os fazer calar.

Levanto-me ao lado desses, que não se calam, mesmo que para isso sejam excumungados e considerados hereges no tribunal eclesiástico contemporâneo. Mesmo que sejam banidos e excluídos dessa cúria corrompida e maléfica que compra aqueles que se vendem a qualquer preço, ou por qualquer cargo.

Prefiro estar em paz com minha consciência diante de Deus e um dia diante do tribunal supremo, onde todos serão julgados, grande e pequenos. 

Onde todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor. 

Deus nos abençoe!