quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

CONTANDO VAGÕES





"Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos corações sábios".  (Salmo 90: 12)

Quando criança costuma viajar para uma pequena cidade chamada Resplendor, banhada pelo Rio Doce no interior de Minas. Meus bisavós possuíam uma fazenda num distrito próximo, também possuíam uma casa na cidade.  Lembro-me, de deleitar-me em estar assentada na varanda, que dava para a ferrovia. Meu maior passatempo era contar vagão por vagão, um a um, dos que faziam parte de toda uma composição. Que sensação agradável, avistar, enfim, o derradeiro vagão. Ficava ali por horas, simplesmente contando vagões e cantarolando uma musiquinha: "A casinha da vovó, amarradinha de cipó, o café tá demorando, com certeza não tem pó".
Que tempo saudoso, quão puros e singelos eram aqueles sentimentos.
Hoje, décadas depois me pego pensando...
Olho para o relógio e percebo...;  o dia já preste a terminar.
Qual será o meu legado? Que história tenho escrito, ano após ano?
A vida passa tão rapidamente; como a neblina que se aproxima e logo é dissipada.
Tenho aprendido a viver um dia de cada vez, afinal, é só o que tenho, o presente. Poxa! O Presente! Que belo embrulho, chegou todo enfeitado e colorido. Abri meus olhos e ele estava lá, e eu nem mesmo o havia pedido. Ontem, quando me deitei, e logo adormeci, ou, sei lá, talvez perdesse um tempo, entre um pensamento e outro, nem me dei conta que o amanhã não me pertencia, então, eu precisaria recebê-lo, afinal, não era meu. E ele chegou, e tem chegado durante vários anos, conto-os ano a ano.  Mas como escrevê-los, ou descrevê-los? Confesso, eu algumas vezes tenho vergonha em dizer o que fiz com O Presente, entulhei alguns, muitas vezes não dei a ele a utilidade necessária, não o usei de maneira correta, joguei-o algumas vezes no lixo, nossa..., nem havia percebido! Em outras ele me fez muito feliz, tenho  recordações de alguns, dos quais gostei profundamente, houveram alguns em que eu estava terrivelmente irritada  que nem os desembrulhei. E assim têm vindo, um a um. Cada presente tem me ensinado, que cada um tem sua singularidade, e é único. Não haverá outro igual, e ele só existirá hoje, amanhã ele se foi.
Amado, viva hoje, ame hoje, renova-se hoje, perdoe hoje, aprenda hoje, humilhe-se hoje, abra o seu coração nesse dia que é hoje.

Eis que estou a porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele. (Apocalipse 3:19)

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