quinta-feira, 31 de maio de 2012


QUEM SOU EU?

Quem é esse do outro lado do espelho? Anos se passaram, e eu nem sequer o conheço. Estou com ele todos os dias, mas para mim é como se fosse um estranho. Às vezes tenho alguns fleches de memória, que me remetem à essência desse ser, mas em outras ocasiões parece-me desconhecido. Tenho convivido ano após ano, com essa presença tão presente em minha vida, no entanto, ainda não sei dizer ao certo quem ele é.

Tentando corresponder às expectativas do mundo ao meu redor, fujo da realidade refletida no espelho e me alieno de mim mesmo. Enxergo a imagem idealizada, e nego a incoerência, e a fragilidade que me escravizam. Minhas emoções fluem num turbilhão de sentimentos, nem sempre explicáveis. Não os consigo controlar, e sou sucumbida e levada pelas linhas escritas por eles. Não deveria a razão falar mais alto? Porque me deixo ser controlada por eles? Por que me escravizo? Preciso conhecer o ser no espelho. Quem é do outro lado? Essa é a resposta que procuro. Nesse embate entre esses dois seres, acabei criando uma personagem, quando enfim o conhecer, libertar-me-ei da cobrança de ser outra pessoa, e me reconciliarei comigo mesmo.
Emoções, palavra tão pequena para descrever tantas mudanças, ações, reações e consequências que nos acompanham todos os dias em nossas vidas. Consciente ou inconscientemente somos conduzidos por elas, nos direcionamos por elas, sofrimento e felicidade estão diretamente ligados ao resultado direto de nossa relação com elas.
Expressamos e nos calamos pela força delas, enfim, elas são parte do nosso ser, e de nossa existência.
A falta de compreensão de quem somos, de como fomos criados por Deus, e do papel de nossas emoções, faz com que não consigamos viver em paz, nem compreender a forma pela qual agimos. Somos seres emocionais, criados por Deus segundo a sua imagem e semelhança.
Na passagem bíblica que fala do encontro de Jesus com Marta e Maria, irmãs de Lázaro,(João 11); observamos Jesus homem, um ser totalmente emocional. Ao perceber a tristeza das irmãs e se deparar com a triste cena diante dele, Jesus se sente profundamente tocado. E por fim, ao ver o símbolo da morte, a sepultura de Lázaro, Jesus chora. Isso demonstra o comportamento profundamente emocional de Jesus, mas ainda que, sentindo a dor, ele não se deixa dominar por ela, mas reage a ela, reage diante dela, reage para transformá-la em oportunidade, Jesus tem o perfeito controle de suas emoções. Jesus experimentou, sofreu e lidou com todas as experiências humanas, por isso n’Ele, podemos encontrar nossas fontes emocionais e entender que fomos criados para perceber, interpretar e viver as experiências de nossas vidas, através da manifestação de nossas emoções. Sofremos quando as negamos, quando as aumentamos, quando não as compreendemos. É preciso que busquemos o caminho do equilíbrio, nos aceitando como seres emocionais, aprendendo a trilhar na perspectiva da graça de Deus, para lidar com nossas emoções.
Nossas emoções não são por si mesmas negativas. Elas funcionam como sistemas de alarmes que identificam que estamos experimentando situações diversificadas em nossas vidas, as formas como escolhemos em lidar com elas é que irão determinar se são ou não negativas.
Precisamos aprender a relacionar nossas emoções com as situações nas quais estamos vivendo, pois isso trará crescimento, amadurecimento, visão de novo começo. Não há como fingir ou mascarar nossas emoções. Quando tentamos fazê-lo, geramos processo doentio, onde sofremos, e fazemos os outros sofrerem. É necessário que as sintamos , mas não podemos nos deixar ser sucumbidos por elas.
Precisamos impor limites às emoções e sentimentos, não podemos ser dominados por eles. Nosso sistema racional precisa identificar, até que ponto, nossas emoções estão influenciando nosso comportamento, não podemos ser orientados por elas e sim pela nossa consciência e razão.

Ser dominados por nossas emoções é sempre mais fácil que tentar controlá-las, é preciso sentir e expressar, mas também é preciso aprender a lidar com essa cascata de sentimentos. Na carta de Paulo aos Gálatas, capítulo 5, versículo 22, está a real essência de uma vida regida pela razão. Paulo lista uma sequência de comportamentos, que são os frutos do Espírito, dentre eles, domínio próprio. É totalmente espiritual e vindo de Deus, a orientação de que dominemos nossas emoções e sentimentos e não nos deixemos ser dominados por elas. A razão precisa ser o carro chefe em nossa vida, e as emoções deverão vir na sequência. Possuímos um centro racional, criado por Deus, para aprendermos a lidar e por limites às nossas emoções. Por isso, elas não devem falar mais alto em nossa realidade.
O Rei Saul, foi dominado e levado por suas emoções e seu ciúme, pela prosperidade de Davi. Ele deixou ser dominado por elas, isso, fez com que surgissem sentimentos de insegurança, raiva, vingança. Suas emoções o tomaram de forma tão negativa, que o impediram de perceber que Davi era um aliado, e não queria de forma alguma usurpar seu trono. Saul passou a interpretar todas as ações de Davi de forma equivocada, e seu ódio bloqueou as possibilidades de crescimento em seu reinado. Isso estragou sua possibilidade de realização pessoal e manifestação da graça de Deus. Como consequência, sabemos o terrível desfecho dessa história, Saul perde seu reino, perde a seu filho, e perde a Davi. (1 Samuel 19)
Se Saul tivesse tido a maturidade, de separar suas emoções dos fatos, poderia ter percebido tantas verdades, e reagido de formas diferenciadas diante das circunstâncias, e então, teríamos um desfecho totalmente diferente dessa história.
Sabemos que, nossas emoções fazem parte de nós, e não vivemos sem elas. Elas nos impulsionam a ações e reações, mas sob a graça de Deus, podemos aprender a refletir sobre elas, e dominá-las, antes de sermos arrastados e desestabilizados por elas, provocando fontes de sofrimento e angustia a nós e aos outros.
Faz-se necessário um exercício diário, onde o autoconhecimento torna-se um grande aliado, na busca do equilíbrio.
Conhecer nosso temperamento faz com que saibamos agir, antes que nossas reações impulsivas venham à tona.
Olhar pra dentro de nós mesmos, sem hipocrisia, sem culpas e sem máscaras, na busca desse ser que, se emociona, age e reage, mas que é dotado de um sistema racional e inteligente, criado à imagem e semelhança daquele que é sobre tudo e todos, e nos criou seres capazes de controlar a nós mesmos, e a nossos impulsos.

“Filho meu, se aceitares as minhas palavras, e esconderes contigo os meus mandamentos, para fazeres atento à sabedoria o teu ouvido, e para inclinares o teu coração ao entendimento, e se clamares por inteligência, e por entendimento alçares a tua voz, se buscardes a sabedoria como a prata, e como a tesouros escondidos a procurares, então entenderás o temor do Senhor, e acharás o conhecimento de Deus. Porque o Senhor dá a sabedoria, da sua boca vem a inteligência e o entendimento. Ele reserva a verdadeira sabedoria para o retos, e escudo para os que caminham na sinceridade, guarda as veredas do juízo e conserva o caminho dos seus santos.” (Provérbios 2: 1 à 8)

Que Deus nos abençoe!

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